Antônio Pereira*

Esse foi o primeiro apelido que a nossa região teve. Cobria a zona contida entre os rios Grande, Paranaíba e Araguari (mais ou menos). A sua cidade mais oriental, Araguari, estava além do rio.
Naqueles velhos tempos das bandeiras, quando um grupo saía para o sertão, costumava semear roças para colheita no retorno, deixava também alguns mantimentos guardados pelo caminho para serem usados na volta.
Existem algumas versões para este nome, Farinha Podre. A mais aceita, citada por historiadores respeitáveis, é a de que uma das bandeiras, talvez do Desemboque, deixara algumas bruacas (bruaca era um saco de couro cru que servia para transportar coisas) com alimentos dependuradas em galhos de árvore, à margem da picada que seguiam e de um ribeirão que por ali passava. No retorno, a farinha de mandioca estava deteriorada. Por isso, o ribeirão passou a chamar-se “da Farinha Podre”, e mantém o nome até hoje. O ribeirão da Farinha Podre corre, em toda a sua extensão, dentro do município de Sacramento, desagua no ribeirão dos Dourados que vai cair no rio Grande.
Por extensão, toda a região triangulina ficou conhecida como Sertão da Farinha Podre.
Existem outras versões justificando o nome. Uma delas a de que era a repetição do nome de um lugar em Portugal chamado Farinha Podre. Era muito comum nomearem-se lugares brasileiros com nomes puxados de Portugal, como “Queluz”. Houve duas cidades, no Brasil, com esse nome.
Uberaba, nos seus princípios, foi chamada Arraial da Farinha Podre, segundo o escritor Guido Bilharinho citando Auguste de Saint’Hilaire, talvez por poucos anos porque logo virou Santo Antônio de Uberaba.
Não se sabe com segurança quando isto se deu, porém é seguro que foi antes de 27 de outubro de 1809, quando o Triângulo ainda era goiano. Desta data é o documento em que a pedido do coronel José Manoel da Silva e Oliveira, o sargento mor Antônio Eustáquio da Silva Oliveira foi nomeado comandante regente dos Sertões da Farinha Podre. Eram irmãos.
Esse nome durou algumas décadas.
Em 1857, o dr. Des Genetes, numa das campanhas separatistas da região, usou, pela primeira vez a expressão “Triângulo Mineiro”. Esse nome acabou por afastar o apelido de Farinha Podre e assumiu o seu lugar. (Fontes: José de Freitas, Guido Bilharinho).

*Jornalista e escritor – Uberlândia – MG