Marília Alves Cunha*

É cada uma que acontece neste país… Muitas vezes fico por acreditar no espírito inventivo, na criatividade e imaginação solta que impele alguns a ir além do razoável, passar por cima de qualquer lógica que preze a seriedade e o cabível. Não sei se este tipo de coisa acontece em outros países ou se algumas bizarrices são uma coisa doidamente nossa. Afinal, temos a jabuticaba que só existe aqui…

O governador do Maranhão, por exemplo, estado reconhecidamente pobre, eternamente explorado por governos que nada fizeram pela melhoria de vida do seu povo, que apresenta um dos HDI mais baixos do país, resolveu construir módulos íntimos em 11 unidades prisionais do estado. Deve ter pensado o ilustre governador: preso tem o direito de se divertir, receber companheiras (companheiros também?) com conforto, segurança, paz… Esqueceu-se, por certo, do grande número de maranhenses a quem é negado o direito de ter estas doces alegrias, por viverem amontoados em espaços minúsculos e desconfortáveis, incapazes de abrigar decentemente a própria família e deixar a intimidade rolar solta. Coisas do Brasil…

Outro exemplo de como as coisas se desvirtuam por aqui: A Universidade Federal do Sul da Bahia aprovou a criação de cotas para detentos, ex-presidiários e refugiados. Esta decisão foi aprovada pelo Conselho Universitário (e aplaudida por muitos). A reserva de vagas vale tanto para o vestibular tradicional quanto para o sistema SISU. Um engraçadinho logo se animou: “Interessante este prêmio!” A instituição dedica de 75% a 85% de suas vagas para negros, pardos, indígenas, quilombolas, ciganos, pessoas com deficiência, mulheres, transexuais, travestis e transgêneros, além de “comunidades identitárias tradicionais”. Cotas para mulheres? Devo ter lido errado… o fato de uma pessoa ser mulher a torna não habilitada a ingressar numa universidade por vias normais? E o transexual, por exemplo, sua orientação sexual o impede, de qualquer forma, de exercer sua inteligência e saber para ingressar normalmente numa universidade? Não é isto que vemos por aí!

Do jeito que as coisas andam, sociedade cada vez mais dividida para ser dominada, daqui a pouco você cidadão brasileiro, honesto e trabalhador, branco, hetero, cumpridor de leis, pagador de impostos, não terá vez nenhuma neste país das jabuticabas. Há muito tempo a meritocracia foi jogada prás cucuias e, pelo rumo desta prosa, está definitivamente morta e sepultada…

*Educadora e escritora