Autor: Rafael Moia Filho*

Após um longo período, as aguardadas manifestações contra o governo Bolsonaro e sua pessoa ignóbil eclodiram finalmente após o início das vacinações contra a covid. Segundo dados preliminares, mais de meio milhão de brasileiros foram as ruas em diversas capitais e cidades do país.
Rapidamente o governo, aliados e parcela governista da mídia correram para tentar justificar o ato. Alegam falsamente que são partidos políticos que estão por trás das manifestações.
Isso não é verdade, embora nas ruas tenham bandeiras de partidos políticos levadas por simpatizantes e até alguns políticos, o ato representa muito mais do que simplesmente a presença de partidos da oposição.
Estavam nas ruas e vão continuar se manifestando brasileiros inconformados com várias coisas inerentes ao desgoverno Bolsonaro, como por exemplo:
– As mais de 502 mil mortes decorrentes da ausência de vacinas contra a covid;
– O fato de o presidente não ter comprado as vacinas na quantidade e no tempo certo;
– A fome invisível que assola cerca de 20 milhões de brasileiros, uma parcela significativa da sociedade sem que o governo faça alguma coisa para solucioná-la;
– O desemprego aliado ao subemprego que destrói a autoestima de milhões no país e não teve em dois anos e meio nenhuma ação governamental;
– O descaso de Bolsonaro para com tudo isso e seu governo inerte, omisso e sem perspectivas de futuro.
Outro problema é em relação ao auxílio emergencial que está sendo pago em parcelas de R$ 150, R$ 250 e R$ 375. O piso compra menos de 25% da cesta básica em algumas capitais brasileiras, segundo o Dieese. Na primeira onda da pandemia, o governo propôs um auxílio de apenas R$ 200, mas o Congresso Nacional forçou o aumento do valor, que passou a ser de R$ 600/R$ 1.200 por domicílio. No segundo semestre, o benefício foi reduzido para R$ 300/R$ 600 por família.
A revolta de uma grande parcela da população vai além das questões partidárias, única coisa que preocupa o governo federal, milhões de brasileiros já perceberam que o governo Bolsonaro está preocupado com coisas que não dizem respeito a sua vida e de seus familiares como: Exército, Reeleição, Agredir adversários político como Lula ou Dória, Insistir com a inútil Cloroquina ao invés da vacinação em massa, inaugurar obras começadas em governos anteriores por não ter feito nada em dois anos e meio de gestão, palavreado chulo e agressivo com relação as mulheres, negros e pobres.
Bolsonaro com sua incapacidade de assumir seus feitos, erros e omissões prefere culpar prefeitos e governadores pela fome, afirmando que ela é fruto das medidas de isolamento social. Quando na verdade se eles não tivessem adotados medidas rigorosas apoiados pela OMS, as mortes teriam sido mais de um milhão em todo país.
Terceirizando responsabilidades que são suas, como sempre faz, joga uma cortina de fumaça sobre as reais causas da falta de alimentos nas casas dos brasileiros pobres. O Brasil é um dos recordistas em tempo de quarentena porque enquanto governadores e prefeitos tentavam conter o aumento do contágio fechando atividades econômicas, o presidente da República atuava para boicotar as medidas. Se tivesse ajudado, ao invés de atrapalhar, os fechamentos seriam bem mais curtos, como em outros países, e teriam afetado menos o emprego e a economia.
Outra de suas falácias é de que o STF não o deixa governar na pandemia, mentira absurda já desmentida várias vezes pelo STF e por quem conhece as leis e a constituição.
Enquanto gastava recursos preciosos com montagem de gabinete paralelo para difundir a cloroquina e torrava bilhões com orçamento paralelo no esquema conhecido como Tratolão ou Bolsolão, essas pessoas que agora estão nas ruas se manifestando estavam em casa acreditando num governo que prometeu austeridade e combate a corrupção, enquanto alinhava a mesma corrupção com Arthur Lira, Bob Jefferson, Collor de Mello e todo nefasto Centrão.

*Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.