Até o momento, foram publicadas nove edições do periódico, cujo objetivo é o incentivo ao ensino e a aprendizagem criativa do público infanto-juvenil, com a participação de alunos, docentes e famílias
Desde junho de 2020, o ‘Diário de Ideias’, em formato jornalístico, fomenta a participação ativa, a escuta e o diálogo dos estudantes. (Arte: Diário de Ideias/Divulgação)
O jornal “Diário de Ideias” é um dos pilares do “Programa Institucional Diário de Ideias” no âmbito da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc/UFU), em parceria com a Escola de Educação Básica (Eseba/UFU) e a Diretoria de Comunicação Social (Dirco/UFU), são desenvolvidas atividades que consistem em “experienciar, registrar e compartilhar”, por meio da expressão da comunidade escolar da Educação Básica. As ações do programa são difundidas em escolas públicas de Uberlândia de outras cidades de Minas Gerais, assim como têm se expandido para outros países, como a Finlândia e o Canadá, graçar à internet, que propicia um maior alcance de suas frentes, como o jornal.
A equipe do projeto de extensão é formada por mais de 20 integrantes, envolvendo docentes da Eseba, servidores da Dirco e graduandos dos cursos de Jornalismo, Psicologia e Relações Internacionais da UFU. A idealizadora e responsável pela coordenação das atividades é a professora Luciana Soares Muniz, que disponibiliza, no site do Diário de Ideias, toda a trajetória do projeto, que, há um ano, possui o produto jornalístico. “O jornal ‘Diário de Ideias’ tem sua gênese nestas observações do interesse dos estudantes em compartilhar o que aprendem, o que descobrem, o que criam e muito mais. Assim, como pela necessidade que expressam em dialogar com o outro sobre estes registros”, afirma a coordenadora do projeto.
Desde junho de 2020, são nove edições publicadas. O objetivo é incentivar o ensino e a aprendizagem criativa das crianças e dos jovens adolescentes, visando ao compartilhamento de reflexões entre alunos, docentes e famílias. “O início do jornal ‘Diário de Ideias’ no contexto da pandemia foi realmente um mega desafio. Diante de uma realidade de mudanças, de incertezas, de perdas de vidas, de dor, de novas ações cotidianas e tendo em vista os cuidados necessários com a Covid-19, me coloquei a pensar no que e como nosso programa poderia ser um apoio, uma faísca de esperança para o público infanto-juvenil”, relata Muniz.
Disponibilizado em formato PDF e também em formato impresso, o periódico bimestral conta com reportagens, mensagens, indicações e reflexões, além de um podcast no formato digital, voltado para a comunidade escolar da Eseba e de outras escolas das redes pública e particular de todo o país. Totalmente aberto à participação, o “Diário de Ideias” aceita sugestões de publicações e reportagens diretamente em seu site. A divulgação do jornal ocorre no Comunica UFU, no Instagram da Proexc, como também no site, no YouTube e no Instagram do “Diário de Ideias”. Neste último, é possível, também, entrar em contato e conferir todas as novidades do projeto.
O jornal ‘Diário de Ideias’ é segmentado em seções e também está disponibilizado em formato impresso, visando a ser mais acessível para os estudantes e para a comunidade escolar. (Arte: Diário de Ideias/Divulgação)
Segmentos do jornal
Em reuniões realizadas remotamente, em virtude da precaução à Covid-19, a equipe do jornal “Diário de Ideias” define as pautas mensais, decide os conteúdos sugeridos pelo público e analisa o foco temático das edições. Assim, o jornal segue a necessidade do seu público-alvo, trazendo informações de experiências vivenciadas pelas crianças e adolescentes, de modo a incentivar a reflexão, a criatividade, o diálogo e o desenvolvimento da subjetividade na comunidade escolar.
Como qualquer outro periódico, o jornal é dividido em seções, com cinco segmentos recorrentes e dois esporádicos. São eles: “Nossa história”, que busca o compartilhamento da jornada do programa com os leitores; “Com a palavra”, que é destinada às cartas, mensagens e outras formas de expressão do público; “Linguagens”, que é um espaço voltado para a expressão das diferentes linguagens do universo infanto-juvenil; “Ideias Brincantes”, que é uma seção voltada para indicações de entretenimento; e a seção “Práticas que transformam”, que aborda as experiências cotidianas na comunidade escolar.
Além disso, a seção “Pesquisações” contribui com a divulgação de pesquisas desenvolvidas pelo público infanto-juvenil no âmbito da Educação Básica e a seção “Roda de conversa” viabiliza um espaço de realização de conversações entre os estudantes – trazendo também a produção de conteúdo em áudio (podcast), que é divulgado mensalmente na plataforma Spotify. “O foco, ao definir as seções, foi sempre buscar a expressão da comunidade escolar da Educação Básica, em meio às possibilidades de trazer as múltiplas linguagens para enriquecer o jornal como espaço autoral e protagonista do público infanto-juvenil”, enfatiza a idealizadora do projeto.
As publicações ainda contam com uma extensão, o “Diarinho”. Objetivando consolidar um espaço para a criação do público infanto-juvenil, o complemento do “Diário de Ideias” traz modelos de papéis de cartas, selos postais e atividades. Existe, também, um campo para colocar a foto e o nome do aluno, de modo a conceder um espaço autoral e protagonista, mediante o registro e investigação das experiências vivenciadas pela criança. A metodologia adotada no projeto, e especificamente no “Diarinho”, permite que o professor tenha recursos para planejar as aulas, para conhecer a história de vida de cada estudante e promover ações junto aos familiares. “Os jornais são recursos que permitem a liberdade de expressão e que despertam nos jovens e estudantes a vontade de propagar suas curiosidades, interesses, pensamentos, ideias e muito mais! É um instrumento que motiva os jovens a inter-relacionarem entre si e com suas próprias produções e registros”, comenta a docente da Eseba.
Processo de produção do jornal envolve aprender e ensinar com o outro, desde a sua gênese no ambiente escolar. (Foto: Arquivo Pessoal de Luciana Soares Muniz)
História
A abordagem da temática começou durante o doutorado da docente Luciana Soares Muniz, que teve início em 2011. Nove anos depois, com o programa já em funcionamento, foi iniciada a produção do jornal como uma nova frente de atuação. Mas, antes disso, o interesse da idealizadora do projeto em proporcionar aos estudantes um espaço para divulgação de ideias já ocorria de modo expositivo nos corredores da Eseba. Os murais “Pesquisadores de Plantão” e “Canal de comunicação” funcionavam como um jornal interativo e também como um painel/mural de comunicação entre anos de ensino diferentes, em que eram destinados espaços para registros da comunidade escolar.
Buscando romper com a ideia de que ler e escrever são cópias, a elaboração de um jornal de fato se concretizou em junho de 2020. Baseado em um importante pilar do “Programa Diário de Ideias”, o propósito era resguardar a autoria e o protagonismo do público da Educação Básica. No passar de um ano, foi expandindo a gama de abordagens nas diferentes seções do periódico. “Venho dialogando com os estudantes desde 2017, a partir de rodas de conversas sobre o que gostariam de encontrar em um jornal que fosse produzido a partir de conteúdos que a comunidade escolar sentisse o desejo e a necessidade de partilhar. Foram nestas rodas de conversas que emergiram os temas centrais do nosso jornal, compondo cinco seções alinhavadas umas com as outras”, explica Muniz.
A conquista mais recente, nesse primeiro ano de história do jornal, foi a parceria com Hospital de Clínicas de Uberlândia (HC-UFU/Ebserh) para execução de atividades no Setor de Enfermaria Pediátrica daquela unidade de saúde, mediante a disponibilização do “Diário de Ideias” e do “Diarinho” para os pacientes. A iniciativa passou a se chamar “Diário de Ideias em Ação Solidária” e surgiu da ideia dos estudantes da Eseba, que têm o desejo de enviar cartas para as crianças que estão internadas no hospital. Outro êxito, neste período, foi a obtenção do Número Internacional Normalizado das Publicações em Série (ISSN) atribuído pelo Centro Brasileiro do ISSN (CBISSN), que traz uma maior credibilidade às publicações.
Equipe do programa ‘Diário de Ideias’ promove oficinas com objetivo de expandir o projeto para as escolas brasileiras, a exemplo dos ministrantes da primeira oficina, que foi intitulada ‘Caça ao tesouro da ideias’. (Arte: Cristiane dos Guimarães Alvim Nunes)
Planos para o futuro
Após o primeiro ano de produção do jornal, a equipe do “Diário de Ideias” já pensa em ampliar seu alcance e sua periodicidade. As “Oficinas Diário de Ideias” na própria Eseba e em outras escolas estão entre as maneiras de promover esta expansão, conforme comenta a coordenadora do projeto. Os convidados que já publicaram no jornal e demais interessados são os responsáveis por ministrar as oficinas on-line para outros estudantes da escola. “Implica sempre na abertura, flexibilidade e audácia para colocarmos as ideias do nosso público em ação. Formando uma grande roda dialógica pelo mundo, em que possamos estar presentes, de alguma forma, nas escolas do Brasil, contribuindo cada vez mais com uma educação inovadora e que, de fato, alcance o aprendizado dos estudantes”, analisa.
Outra forma encontrada para propagar o periódico é a futura implementação do “Portal Diário de Ideias”, que consiste em um espaço virtual para que escolas de diferentes lugares do Brasil e do mundo possam estar cadastradas e colocando em prática a metodologia “Diário de Ideias”, com ênfase na produção digital do diário pelos estudantes. A previsão é que o portal seja lançado até o final de 2021 e que também seja introduzido o sistema de envio para os leitores, por meio de newsletter. “O alcance é sempre maior do que imaginamos e a adesão das pessoas, a confiança e a consolidação do trabalho sempre são surpreendentes. Estamos diante de uma proposta inovadora que lida sempre com o inédito, com o imprevisível e que se efetiva nas múltiplas ações da diversidade do público”, conclui Luciana Soares Muniz.