Ivan Santos – Jornalista

Os pronunciamentos, aparentemente absurdos e contra o estado democrático feitos pelo Capitão Mito Bolsonaro, não são improvisados. São estrategicamente calculados para desviar a atenção do público das crises que abalam o Governo: crise sanitária causada pela pandemia do Coronavírus; crise social decorrente da existência de 15 milhões de trabalhadores em emprego; crise política pela falta de apoio para promover as prometidas reformas de base e crise de identidade do governo que chegou ao poder com o rótulo de liberal e hoje não revela o que é.
A crise política no Brasil, para vários cientistas políticos é causada pelo nosso modelo de presidencialismo com um Congresso forte. Como os últimos presidentes assumiram o poder sem maioria no Congresso, a crise é inevitável. Para ter maioria para governar, o chefe do Governo precisa oferecer bondades e benesses para ter maioria. Num ambiente com mais de 30 partidos, governar é difícil. Muito difícil. Num confuso ambiente a constante ameaça de impeachment do chefe do governo torna a governança muito tóxica.
Hoje fala-se muito no Brasil em criar o semipresidencialismo como os da França e Portugal. Nesse tipo de sistema de governo o presidente da República, eleito pelo povo, é o chefe do Estado e divide o poder com um primeiro ministro escolhido pelos representantes do povo na Câmara. Se o primeiro ministro, que será o chefe do governo, perder apoio político, ele será trocado em qualquer momento, sem trauma. É um modelo a ser experimentado após 2026. A eleição de 2022 deverá ser pelo modelo atual e, sem voto impresso porque até agora não há apoio político para mudar o sistema eleitoral atual para a eleição de 2022.