Rafael Moia Filho*

Tudo começou após o golpe que culminou com a derrubada da presidente Dilma. Aécio Neves perdeu a eleição em 2014 aliou-se a Eduardo Cunha e Michel Temer entre outros corruptos para promover o Impeachment da então presidente eleita.
No governo Michel Temer, o então ministro da saúde Ricardo Barros nomeou uma servidora que autorizou o contrato irregular com a empresa Precisa.
O Governo Bolsonaro recusou sistematicamente a compra de vacinas com eficácias mundialmente reconhecidas, tripudiando publicamente a vacina feita pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac e ainda acrescentou que “não iria atrás de nenhum laboratório para adquirir vacinas; elas, as empresas, que viessem atrás”.
O deputado Ricardo Barros (PP/PR), líder do governo, incluiu emenda para permitir a compra da vacina indiana Covaxin, que sequer havia sido aprovada pela Anvisa, em detrimento de vacinas então disponíveis.
O governo Bolsonaro assina contrato de compra com a empresa indiana por valor muito superior às demais e com eficácia bastante duvidosa até mesmo na Índia e recusada nos países mais desenvolvidos, mesmo alertado formalmente de tal fato pelo embaixador do Brasil na Índia. O ágio chegava a 1000% no preço contratado em relação ao produto na Índia.
A compra da vacina é intermediada por uma empresa nacional: a Precisa. Essa mesma empresa que até o governo Dilma não havia feito quaisquer negócios com o governo brasileiro. No governo Temer, graças ao deputado Barros, ela vendeu preservativos femininos para uma campanha nacional pelo valor de R$ 27,4 milhões.
Após a posse de Bolsonaro os negócios com a Precisa cresceram de forma fantástica, atingindo a soma de R$ 1,67 bilhões. Ao deputado Barros se juntou o filho do presidente Flávio Bolsonaro, que sem nenhuma justificativa intermediou o contato entre o BNDES e o empresário Francisco Maximiano, dono da Precisa.
Ricardo Barros é réu em ação de improbidade com a sócia da mesma empresa. O contrato de compra da vacina é assinado e um servidor público verifica a ocorrência de fraude no invoice, que previa o pagamento adiantado a uma empresa que não integrava o contrato.

O irmão do servidor público, deputado federal Luis Miranda (DEM/DF) da base do governo, participa de reunião presencial com Bolsonaro e o informa da fraude. Bolsonaro imediatamente afirma que é “coisa do deputado federal Ricardo Barros, seu líder na Câmara, e que se mexer nisso vai dar merda”.
O presidente afirma que vai oficiar imediatamente a Polícia Federal, mas permanece omisso e o contrato continua vigente, não adotando nenhuma providência.
O desvio de mais de 200 milhões de reais, com transferência para offshore em Cingapura, somente não ocorre porque o servidor concursado se recusa a assinar e começa a sofrer enorme pressão de superiores no Ministério da Saúde, nomeados pelo Governo Bolsonaro, para efetuar o pagamento, mesmo alertado da ilegalidade.
O presidente, então, determina que a Polícia Federal investigue o SERVIDOR e instaure procedimento administrativo em seu desfavor. Mostrando que no seu governo o crime não existe, porém, se acontecer quem denunciar será investigado e correrá risco de demissão ou algo ainda pior.
Durante os depoimentos na CPI, Fred Wassef, advogado da família Bolsonaro, que defende Flavio no processo criminal da rachadinha e ajudou a esconder Fabrício Queiroz em sua propriedade em Atibaia – SP, assessor parlamentar e operador de Bolsonaro e seus filhos em sua casa, mesmo afirmando em diversas entrevistas que não sabia onde ele estava, comparece para acompanhar pessoalmente a CPI.
Nesse meio tempo, mais de meio milhão de brasileiros de todas as idades, mais precisamente, 513.000, morreram por ausência de vacina, porque o Governo recusou sistematicamente a compra com eficácia comprovada pelo valor de R$15,85 para adquirir vacina não aceita nem mesmo na Índia por R$75,25, com um único objetivo: ROUBAR 200 milhões de reais.
Ainda assim, seguidores e pessoas que possuem político de estimação reproduzem nas redes sociais que o atual governo não tem corrupção, como se isso não fosse obrigação e como se fosse o único meio de avaliar um governo.

*Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.