Marília Alves Cunha*

Evidentemente as máscaras, quando usadas corretamente e sejam apropriadas para que atendam perfeitamente suas finalidades são úteis, necessárias e devem ser usadas durante uma pandemia. É uma questão de prevenção e higiene. Os chineses e japoneses as usam há muito tempo, muito antes do flagelo que, ora, maltrata a humanidade. As máscaras são uma barreira física e impedem a infiltração e proliferação dos vírus.

Em outros países, principalmente os do primeiro mundo, as pessoas usam máscaras convencionais. Tenho observado isto quando vejo vídeos que mostram estações de metrô, aeroportos e ruas movimentadas. As máscaras parecem ser padronizadas, perfeitamente de acordo com o fim a que se propõem…

No nosso querido Brasil, de samba, de futebol, de acordo com o Papa de cachaça e falta de reza e, também, conforme o presidente argentino de gente que saiu da selva, as coisas são diferentes. No começo da famigerada peste chinesa que está no mundo todo, não encontrando em farmácias as máscaras apropriadas e nem sabendo distinguir as melhores, entrei numa livraria para comprar o produto. Lá dentro um enorme balaio continha tudo que é tipo de máscara. E, por incrível que pareça uma senhora, em frente a um espelho, experimentava uma a uma as máscaras soltas naquele recipiente, sem nenhuma embalagem, nenhuma proteção. Virei as costas. Não era o produto que eu procurava.

De repente cada vez mais pessoas passaram a aderir às máscaras. Noticias chegando sobre a terrível e temível doença pelos noticiários, informando, amedrontando e às vezes desinformando, fez as pessoas correrem á cata do precioso protetor. Aí começa à vir a luz o espírito inventivo do povo brasileiro, que acabou criando sua própria versão…

Apareceram máscaras de todos os tipos, de todos os viezes. Os habilidosos na máquina de costura passaram a produzir e vender. Virou um festival: de gatinho, de oncinha, pintada, bordada, de crochet, de laise, de malha, tipo black power, preto e branco, orgulho gay, fora Bolsonaro, lula na cadeia, de lacinho, de bolinha, ele não, pura florzinha, com paisagem de NY, com retrato do Cristo Redentor, roqueira, romântica, de caveira, de demônio, de anjo e mais outras que a imaginação humana possa criar.

Em absoluto, longe de mim a ideia de fazer crítica a alguém. Eu também caí nesta esparrela de usar qualquer pedaço de pano no rosto e achar que estava protegida, muitas vezes porque não encontrava coisa melhor e mais de acordo com a ciência. Penso que, além de sermos um povo propenso a dar asas à imaginação, fomos de certo modo mal orientados quanto ao uso de máscaras e no fato de serem, na verdade, mais uma forma de proteção do que um enfeite provisório e incômodo.

Bem, caros leitores. Inês é morta! De nada adianta chorar o leite derramado. Continuemos a usar nossas máscaras e se não for possível as científicas, usemos as que melhor nos aprouverem. Antes isto do que nada e, certamente, não conseguiríamos, o país inteiro, adquirir as próprias e corretas para uso em tempos de pandemia.

Anthony Fauci, um infectologista americano, oráculo da pandemia, deu um recado através de e-mails repassados aos mais íntimos: condenou o uso de máscaras, considerando-as mais como uma simbologia. Ao mesmo tempo, nos meios oficiais, indicava o uso de até 2 máscaras e o distanciamento social. A impressão que temos, depois de tantas notícias no rebuliço desta pandemia é que houve uma certa manipulação por parte de alguns e que, nós, simples cidadãos, ficamos presas do nosso medo e da nosso desconhecimento. Afinal, não é para menos, nunca o mundo enfrentou inimigo tão mortal e desconhecido pela Ciência, que até o momento não encontrou a origem do vírus e nem a cura para a peste. O jeito é contar com a sorte!

*Educadora e escritora – Uberlândia – MG