Longa-metragem ”Valentina’ aborda as dificuldades e os preconceitos na vida de uma jovem transexual

Letícia Franco, Ronaldo Bonafro e Thiessa Woinbackk no set de gravação. (Imagem: Divulgação)

O longa-metragem “Valentina”, gravado nas cidades de Estrela do Sul e Uberlândia, recebeu o Prêmio Especial do Júri na 50ª edição do Festival de Cinema de Kiev, evento que acontece anualmente na Ucrânia. As gravações do filme duraram seis meses e, além da participação de Guta Stresser e Thiessa Woinbackk, o elenco do filme também contou com alunos e professores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A produção, dirigida por Cássio Pereira dos Santos, aborda a história de Valentina, uma jovem transexual que, aos 17 anos, precisa se mudar para uma pequena cidade de Minas Gerais com sua mãe. Com receio de ser intimidada na nova escola, a garota busca mais privacidade e tenta se matricular com seu novo nome. No entanto, a menina e a mãe começam a enfrentar dilemas quando a escola onde estudaria começa a exigir a assinatura do pai ausente para realizar a matrícula.
Para Letícia Franco, estudante de Design na UFU, participar do filme foi a realização de um sonho. “Sempre gostei de arte no geral e ter oportunidade de aparecer nas telonas foi inacreditável”, conta. A participação no longa foi o seu primeiro trabalho como atriz e, apesar do desejo de continuar atuando, ela revela que atualmente seu foco é concluir a graduação.
Franco não foi a única aluna da UFU a participar de “Valentina”. O longa também contou com Ronaldo Bonafro, acadêmico de Teatro. Ele afirma estar no elenco do filme foi, até o momento, o auge de sua trajetória artística. “Viver o set de gravação cheio, ter contato com profissionais tão empenhados, construir vínculos artísticos sinceros, estar de frente com uma câmera e colocar em prática a atuação foi incrível e realizador”, revela o ator.
O enredo de “Valentina” aborda diversas temáticas relevantes e necessárias na atualidade. Para Bonafro, a produção vem em boa hora: “Esse filme trata da realidade e vem para mostrar e destacar que, assim como qualquer cidadão, pessoas trans têm seus direitos e podem ocupar qualquer lugar.”

ISobre esse assunto, o diretor Cássio Pereira dos Santos comenta que o processo de desenvolvimento do filme procurou ser completamente respeitoso com as vivências da comunidade transexual. Para alcançar esse objetivo, ele relata que 50 mulheres trans foram entrevistadas e que procurou inserir ao máximo pessoas desta comunidade na equipe.
Apesar do longa ainda não ter sido lançado no Brasil, a produção já foi enviada para festivais, premiações nacionais e internacionais e já apresenta mais de 10 prêmios conquistados. Quem representou “Valentina” no Festival de Cinema de Kiev foi Maria de Maria, docente de Artes Cênicas que, quando o filme foi gravado, atuava como professora substituta no curso de Teatro da UFU.
De acordo com Maria, representar este trabalho no festival ucraniano foi uma oportunidade incrível e agregadora. “É muito significante o fato de um filme que aborda tantas temáticas importantes e inclusivas ser premiado em um país tão conservador, né?”, argumenta a professora. E completa: “Foi muito emocionante; me senti muito orgulhosa e isso me fez refletir sobre onde a gente é capaz de chegar quando acreditamos no que fazemos.”

O filme ainda tem data oficial de estreia, uma vez que foi pensado para ser lançado nos cinemas e, por conta da pandemia da Covid-19, isso não será possível tão brevemente. No entanto, a equipe de “Valentina” já estuda a possibilidade de lançar o longa de forma on-line e nas plataformas de streaming.