Profissionais utilizam vários recursos para devolver aos pacientes as capacidades respiratórias e motoras; entre as atividades, estão o uso de cadeira de PVC ainda no leito de UTI
Foto: Araípedes Luz/Secretaria de Governo e Comunicação
Dar os primeiros passos após ficar 30 dias em um leito de UTI se recuperando da Covid-19 é um momento de comemoração para o vendedor Irineu Ramos Jr., de 53 anos. Com o agravamento da doença, o vendedor precisou de cuidados intensivos na unidade do Hospital Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro para voltar a respirar sem a ajuda de equipamentos e retomar a força muscular, já que longos períodos de internação enfraquecem o sistema motor.
“Nesse momento eu só tenho que agradecer. Se hoje estou em pé e conseguindo andar de novo depois de ficar 30 dias deitado em um leito, entubado, é graças à dedicação dos profissionais que estiveram ao meu lado todo esse tempo”, contou.
Um dos pilares do trabalho de recuperação dos pacientes internados nas UTIs, principalmente nos casos de Covid-19, é o da equipe de fisioterapia. Devido ao longo período em repouso no leito, o corpo sofre diversas perdas que prejudicam o paciente, impedindo a realização de atividades básicas do dia a dia. Para evitar o máximo possível dessas consequências, a equipe de fisioterapia do Hospital Municipal desenvolve o trabalho intenso desde o início da internação.
“Nós desenvolvemos o protocolo de mobilização e recuperação precoce logo nos primeiros dias de internação na UTI. Utilizamos vários recursos, principalmente para evoluir a saída da ventilação mecânica e reduzir a perda do tônus muscular, facilitando assim a recuperação para quando o paciente estiver na enfermaria”, detalhou a coordenadora da fisioterapia do Hospital Municipal, Fernanda Lima Santos Pires.
Um dos equipamentos utilizados é uma cadeira feita de cano de PVC. O equipamento dá o apoio necessário à equipe ao executar movimentos nos pacientes, que estão sedados e não têm o controlo do tronco. Esse recurso ajuda na recuperação do tônus muscular e também na parte respiratória. Já para os pacientes que não estão na UTI, a cadeira ajuda nas atividades da parte motora.
Além deste recurso, a equipe também faz uso do bastão, da bola, do ciclo ergométrico, caminhada, entre outras atividades. Para a coordenadora da equipe de fisioterapia, o trabalho dos profissionais tem sido fundamental principalmente com o surgimento da Covid-19, já que doença que acomete a parte respiratória e, nos casos mais graves, leva o paciente a longos períodos de internação. “O paciente perde a capacidade de realizar atividades simples, como escovar os dentes, pentear o cabelo. Por isso, o trabalho do fisioterapeuta precisa começar no início da internação. Além de ajudarmos na reabilitação pulmonar para deixar a ventilação mecânica, tentamos devolver aos pacientes as suas funções e para que recebam alta nas mesmas condições que tinham antes da internação. É um trabalho diário, que exige dedicação, pois ver eles voltando à ativa é muito gratificante para todos nós”, finalizou Fernanda.