José Carlos Nunes Barreto*
“Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito. É um hábito”. Aristósteles
Costumo dar aulas para 20~30 alunos, presencialmente… mas no EAD já posso chegar a milhares de alunos. Todavia , quando escrevo um artigo (e fico feliz por você me honrar com esta leitura) ,em torno de 10.000 pessoas podem chegar a lê-lo, e aprender alguma coisa …E isto é maravilhoso para um professor. Hoje quero abordar uma ferramenta da qualidade, que está fazendo falta nas escolas do Brasil, e ,também no seu mercado aéreo em pleno apagão do COVID 19: o ciclo PDCA ou roda de Deming – primeiro planejar, depois realizar o que planejou ,checar (ou auditar para ver se fez o planejado) e por último, agir para melhorar por meio de plano de ação. Trata-se de uma ferramenta de gestão ,que se usada, proporciona melhoria contínua nos processos. O que é um processo? é uma sequência de passos para se realizar um bem ou serviço, de acordo com a especificação da parte interessada : o cliente. Quando se faz um café para as visitas, pode-se ilustrar muito bem o que é um processo. Primeiro coloca-se a água no fogo. Mas que quantidade? Depende do número de pessoas. Mede-se assim, com este indicador a fim de não haver desperdício de água, pó e energia .Desperdiçar pra quê? depois de colocar a quantidade exata de pó, despeja-se a água quente sobre o mesmo. Servir quente .Um belo sorriso de anfitrião, completa o processo. Que é um sucesso em fito ativos, que fazem o papo seguir lívido, e o relacionamento quente, como o café servido…
O número de escolas particulares superiores e médias no Brasil, cresceu exponencialmente com a entrada de centenas de milhares jovens brasileiros em busca de conhecimento. E isto é uma coisa boa. O que não é bom, é a crise que se avizinha, em virtude da má gestão, e da mudança de perfil dos alunos-agora muito mais pobres, e sem condição de pagar os cerca de 100 dólares mínimos, exigidos de mensalidade, apesar da pandemia… Uma série de fusões está sendo esperada. Muitas instituições deixarão de existir, e colocarão a culpa na inadimplência. Contudo, como explicar que para algumas empresas educacionais, ela está na ordem de 0,3~0,8% e em outras em 10~30%?Como qualquer empresa de varejo ,elas deveriam “pesquisar o cliente “. E não é o que vem acontecendo, no segundo caso .A realidade fará o ajuste. Demissões em massa de mestres e doutores ,assim que os cursos forem reconhecidos pelo MEC. Um verdadeiro desperdício de talentos, e de capital humano. Mas o que fazer? Os salários representam em média até 60% dos custos. Se somarmos cerca de 35% de impostos, sobram 5% para serem gastos com investimentos, e despesas correntes, e se há inadimplência esta conta passa em muito de 100%.Dívidas trabalhistas completam o quadro desolador. Um verdadeiro desastre ! Mas também didático, para mostrar que não adianta satisfazer o gosto da classe média, ao fazer aeroportos bonitos, escolas idem, sem considerar uma parte crucial na gestão : o planejamento estratégico. E, a exemplo das empresas de varejo, que pesquisamos tempos atrás pelo SEBRAETEC( 500 delas) ,expansões são feitas , sem cuidar do capital humano e do clima organizacional. De que adianta estes impecáveis aeroportos, se os operadores estão em frangalhos? E estas escolas em prédios pomposos, se a alma delas- os professores e os alunos( a parte interessada) estão insatisfeitos ?
Finalizando: infelizmente, após esta pandemia, um tsunami vem aí. É preciso portanto estar em lugar alto. E , acima de tudo, estruturar medidas anticíclicas na economia, para aplicar os recursos necessários na segurança, saúde e educação- seguindo nossa Constituição federal de 1988. É mandatário portanto, rodar o PDCA, estabelecendo a máxima de Aristósteles, ao fazer da excelência um hábito.
Tenho dito.
*Pós-doutor e sócio da Debatef Consultoria