Marília Alves Cunha *
Estamos a cada dia mais cercados de informações, diferentemente de tempos em que era até impensável a existência das mil maquinetas comunicadoras que existem por aí. Publicidades luminosas explodem aos nossos sentidos e nos fazem pretender muito mais que o essencial, como se a felicidade morasse na posse de um cartão de crédito que faz a coisa desejada chegar as nossas mãos e no canto dos crediários, tudo a perder de vista, mesmo que a perder de senso e também de noção de realidade.
O mês de Maio é a ferveção, a obrigação do presente suplanta qualquer outra coisa. Mas a celebração do Dia das Mães nos convida também a pensar com mais intensidade nesta pessoa cuidadosa e amorosa que celebra os filhos todos os dias. Hora de aproveitar o momento e pensar nas mães e em tudo que representam. Refletir sobre o que as fazem alegres ou tristes, procurar entender suas dificuldades, suas imperfeições e, principalmente, no quão grande e indescritível é o amor que as une aos filhos.
Nossas mães já foram crianças felizes, infelizes, choronas, adolescentes com a chama da rebeldia, jovens sonhadoras cheias de desejos. Um dia sonharam com um príncipe encantado, fizeram projetos, sentiram-se princesas ou gatas borralheiras, caíram na real, o mundo é este, palácios distantes e realidade ao toque da mão. Criaram família, tiveram perdas, ganhos, abriram milhões de sorrisos e converteram em lágrimas milhares de dores. Nossas mães são pessoas como nós mesmos, com medos, problemas, dificuldades, alterações de humor, zangas (quase sempre necessárias), decepções, frustrações, mulheres santas, ora nem tanto. O que as diferencia na verdade é o tamanho e a qualidade de amor que abrigam no coração. Um sentimento sem medida, que a tudo obriga e pouco pede, que perdoa sempre, que joga as mágoas fora a um simples receber de um sorriso, de um olhar amoroso, de um bilhetinho do filho que está longe, de um carinho inusitado, sem data, sem dia, sem hora…
Dê-lhe um presente sim, o que for mais bonito e o que mais puder agradá-la, uma flor ou a jóia mais preciosa. E junto com o presente, ofereça o abraço bem apertado, o beijo mais carinhoso, e diga o quanto ela é importante para você. Pense que ela é a mãe mais bonita, porque é a sua mãe e externe este pensamento. Não regateie amor, não meça palavras, não se intimide com demonstrações afetuosas. As mães merecem que demonstremos a elas como são importantes em nossas vidas e como somos agradecidos e felizes por ter alguém, ao nosso lado, que nos quer tanto bem, sob qualquer circunstância.
Aproveite muito o tempo em que ela estiver presente. Alegre-se com está dádiva que não dura para sempre e, quando parte, deixa um vazio e uma pobreza inexplicáveis. Porque é difícil e extremamente sofrido perder a pessoa que mais amor teve para lhe dar, que mais compreensão teve a lhe oferecer, mesmo que você não tenha ás vezes entendido a complexidade e a grandeza deste amor.
Quando penso em minha mãe, que já voou nas asas dos anjos fecho os olhos, canto uma cantiga de ninar e sinto, como se fosse real, aquelas mãos carinhosas revolvendo os meus cabelos, dizendo que está em paz e transmitindo a mim, para sempre, tudo de bom, fiel e amoroso que só uma mãe pode dar a um filho. Nana mamãe, mamãe do coração…