Ascom/CMU
Greve no Transporte Público. Muito além do tema, foi realizada hoje, terça-feira, 04 de maio, pela Comissão de Política Urbana, Habitação e Urbanismo, presidida pelo vereador Eduardo Moraes (PSC), a audiência pública com o objetivo de discutir o setor como um todo. Das licitações, concessões, condições de trabalho da categoria, da sanitização dos veículos até as últimas greves, tudo foi levantado e questionado com o propósito de buscar alternativas inteligentes, principalmente para aqueles que dependem diariamente, direta ou indiretamente, do transporte coletivo urbano.
A vereadora Amanda Gondim (PDT), membro da comissão organizadora, diz ser preciso entender melhor a realidade desse setor (poder público e empresas) que ainda penaliza o usuário. Especialistas do assunto atestam a sua fala quando afirmam que nesse meio tudo é urgente, a começar de um novo olhar sobre a tarifação que deveria ser cobrada por quilômetro rodado e jamais por cabeça, motivo principal dos veículos lotados. Eles afirmam que a tarifação por cabeça traria de volta ônibus mais vazios, cuja integração temporal deveria ser aberta, ou seja, em pontos abertos e não somente em terminais fechados.
Todos concordam que novas ações são necessárias para que o sistema possa continuar evoluindo de acordo com as necessidades e os interesses dos usuários para os quais o transporte coletivo urbano existe. E que o poder público tem que discutir com a comunidade soluções que tragam mudanças de verdade para o que pertence a todos, soluções para as novas configurações urbanas onde não cabe mais as medidas que foram e ainda são tomadas, soluções efetivas que devem ser pensadas de maneira coletiva para o coletivo de todo o país e não apenas local. Finalizam ao dizer que o transporte público deve ser de qualidade para todos, sem restrição.
O representante dos usuários do Bairro Shopping Park diz que o transporte coletivo urbano precisa melhorar e muito, principalmente o que atende a região. Linhas cheias, veículos lotados, o que foi agravado pela pandemia, insegurança, falta de limpeza e sanitização foram alguns pontos levantados e abordados durante a audiência pública. Para eles, o tratamento deve ser humanitário para que todos possam ser transportados com dignidade. O atraso constante das linhas que circulam pelo bairro foi acrescentado à lista de problemas que enfrentam. Do outro lado, cobram mais políticas públicas capazes de gerar eficiência, agilidade e qualidade.
Para o vereador Antônio Augusto – Queijinho (Cidadania), a audiência pública é muito bem vinda quando é preciso ressaltar os principais problemas do transporte coletivo urbano e desvendar os motivos que o impedem de ser de qualidade e apresentar soluções para um setor que apresenta muitas reclamações, conferidas por ele de perto. O vereador Dudu Luiz Eduardo (PROS) também espera que a audiência apresente soluções para o transporte público. Para ele, melhorias futuras devem ser apresentadas à população da cidade, a parte mais interessada porque dele depende todos os dias no ir e vir da vida moderna.
De acordo com a vereadora Dandara (PT), o tema é relevante porque quem sofre pelo serviço prestado é o usuário, assim como o trabalhador do sistema com o seu salário parcelado, quase sempre pago com atraso. Ela lembra os acordos judiciais que não são cumpridos, da precarização da vida do trabalhador. Ao se colocar como usuária do transporte público afirma que os serviços também são precarizados citando como exemplos ônibus e terminais lotados, além da redução da frota que não colabora com o distanciamento social. Ser usuária, diz ela, a leva a conhecer muito bem a realidade do setor.
“É o fim do cobrador, é aporte de dinheiro que nunca resolve problema algum, são critérios nem sempre claros quando das licitações e concessões do setor às empresas que atuam na cidade. Também defendo o pagamento por quilômetro rodado, jamais por cabeça como é atualmente. São balancetes que ninguém tem acesso, são trabalhadores que não recebem em dia, são contratos não cumpridos e não respeitados por empresas de péssima qualidade. É o protocolo de limpeza que também não é cumprido. Enfim, precisamos buscar soluções para o transporte público: da cesta básica que não chega ao trabalhador à dignidade que merece o usuário”, acrescenta.
Para a vereadora Cláudia Guerra (PDT), o diálogo é fundamental para que a população usuária do transporte público seja atendida e questões relevantes sejam respondidas como a precarização do trabalho e o atraso do pagamento dos salários dos trabalhadores do setor. Ela diz que muito importante é levantar o que as empresas têm feito para evitar novas paralisações, bem como quais ações foram implementadas durante a pandemia. A fiscalização dos recolhimentos tributários, da quitação das obrigações patronais, dos balanços patrimoniais de 2019 a 2021, de toda a documentação que registra o dia a dia das empresas aparecem por fim na defesa da vereadora que torce por um transporte público de qualidade para Uberlândia.
Atraso salarial e acúmulo de funções pelos trabalhadores do transporte público foram, de início, lembrados pela vereadora Gilvan Masferrer (DC). Depois de levantar outros pontos negativos, ela sugere o fim do atual contrato e a abertura de nova licitação para contratação de novas empresas. A falta de máscaras para os motoristas e de álcool gel para os usuários, assim como de sanitização dos ônibus também foi lembrada por ela que ainda apontou o não cumprimento do distanciamento social. Com o fim do cobrador e o motorista sobrecarregado, a vereadora cobra mudança e abertura de nova licitação. Por fim, ela espera que a audiência traga respostas para todos que buscam entender os reais motivos que impedem o transporte público de ser de qualidade e atender a população com dignidade.
Participaram da audiência pública um representante da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Settran) que, segundo ele, está atenta a melhorias, apesar da pandemia que limitou as ações da administração municipal, que, apesar de tudo, tem feito o possível para tornar o setor melhor para todos. Dr. Márcio Dúlio, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Uberlândia (Sinttrurb), e Alexandre Rodrigues (Ubertrans) também estiveram presentes. Para eles, mudanças drásticas tiveram que ser tomadas em função da pandemia que a todos pegou de surpresa. Rodrigues afirma que não é fácil mudar da noite para o dia, mas que deseja muito fazer parte da solução dos problemas apontados, ressaltando que somente o diálogo constrói pontes. “Disposição temos de sobra para ajudar a levantar soluções para o transporte público”, conclui.
Atenciosamente,
Frederico Queiroz
Jornalista