Diógenes Pereira da Silva*

A politização da pandemia traz prejuízos incalculáveis ao país. Questões relacionadas a isolamento social, “kit Covid” e vacina estão deixando a população assustada e sem esperança, diante da falta de posicionamento das autoridades e dos órgãos do segmento de saúde, como o Conselho Federal de Medicina, por exemplo, que deveria ter maior protagonismo e dar suas orientações quanto a esses assuntos que ainda geram dúvidas para todos nós.

Algumas pessoas falam do “kit Covid” como sendo bom e eficaz, outras já dizem o contrário. A maioria dos governadores e prefeitos estão utilizando como recursos de enfrentamento à pandemia restrições que vão desde o distanciamento social até a adoção de outras medidas mais rígidas. O Comitê de Combate à Covid-19 foi criado pelo Governo Federal com mais de um ano de atraso e com discursos de negação. A divulgação dos dados relacionados às vacinas disponíveis, compradas ou fabricadas e às faixas etárias dos cidadãos que serão imunizados, até hoje gera muitas dúvidas, porque a cada dia as autoridades dão informações diferentes e desencontradas em relação ao que é apresentado pelo Governo Federal. Logo, esse cenário confunde o cidadão.

Ademais, o que se pode dizer sobre o “tratamento precoce”? Esse, definitivamente, virou questão política. Parte significativa da sociedade tem se submetido a ele. No entanto, nenhuma autoridade vem a público dizer que a maioria das pessoas com quadro leve de Covid vai evoluir para a cura, seja em decorrência do uso de medicamentos ou não. Então, se as pessoas estiverem bem e se recuperarem sozinhas, não precisarão de nenhum tipo de tratamento. Através de dúvidas, deve-se procurar um profissional médico aos primeiros sintomas. No entanto, o que não pode no meu entendimento, é a cura espontânea, como tem acontecido em alguns casos, ser atribuída a essas medicações ostentadas por alguns como “salvadoras da pátria”. Desse modo, mais e mais indivíduos farão uso desses remédios, já que nenhuma autoridade sana a controvérsia.

A sociedade já tem sofrido muito com os impactos nas vidas dos cidadãos brasileiros que ficam perdidos e estão fadados a continuarem na incerteza. O que vemos é que tudo não passa de uma questão de conceito do certo, errado e de perspectiva. Nada mais. Percebe-se claramente que faltam às nossas autoridades públicas potencial e capacidade de aprenderem, pensarem e agirem para gerarem resultados e criarem saídas que deem à sociedade pelo menos o alento de ter a certeza de estar sendo guiada em direção ao caminho certo e bem orientada pelas referências técnicas em matéria de saúde.

Sim, existem pessoas que conseguem produzir mesmo em situações adversas e elas precisam ser encontradas. Se continuar da forma que está, o Governo Federal, que defende uma questão que julga proeminente, e as autoridades de saúde, que pensam de uma forma e agem de outra, no final, contribuirão para que o cenário de obscuridade e a desconfiança sobre as instituições que regem a sociedade siga indefinidamente. Inseguranças sobre as vacinas, usar ou não o “kit”, respeitar ou não o isolamento social tão polêmico, pairam sobre grande parte da população.

Outra questão que tem causado dúvidas na sociedade em relação às restrições impostas pelo executivo municipal e estadual, é a interpretação da cláusula pétrea do artigo 5º, inciso XV da Constituição da República: “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”.
Se não tiver uma manifestação das autoridades competentes, neste sentido, quaisquer restrições de abertura do comércio, distanciamento e isolamento social continuarão gerando polêmicas junto ao povo.

Todos os dias somos bombardeados com vídeos em que alguns médicos ora aconselham o uso do “kit”, ora desaconselham. É preciso que algum órgão de controle se posicione firmemente em relação a essa premente questão. Afinal, o “kit Covid” é ou não indicado?

Pelo amor de Deus, vamos parar de polarizar o país entre esquerda e direita. A sociedade merece respeito e transparência.

O Brasil pede socorro! Quem irá nos salva?

*Oficial da Reserva da PMMG