Ivan Santos*
Nesta semana os brasileiros ouviram um discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira, líder do Centrão, no qual o deputado disse que a Câmara deve colaborar com o Comitê Contra a Covid 19 montado pelo presidente da República, mas não deverá tolerar novos erros relacionados ao combate da pandemia. Arthur Lira, num gesto para a plateia que o ouve disse: “Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar” e acrescentou as seguintes palavras: “Não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados”.
A fala do presidente da Câmara não foi uma ameaça ao mandato do presidente. Lira não quis dizer que poderá abrir um processo de impeachment contra o presidente Bolsonaro. O presidente da Câmara foi eleito para o cargo que hoje exerce no Parlamento com a ajuda do chefe do Poder Executivo.
É preciso que todos saibam que o Mito Bolsonaro continuará a ser simplesmente o mesmo Bolsonaro que passo u 28 anos na Câmara Federal sempre protestando com a criminalidade organizada, contra esquerdistas e comunistas e defendendo sempre benefícios para os militares. Assim o Capitão Mito construiu um eleitorado fiel a ele , composto de militares e de saudosistas de regime militar que governou o Brasil de 1964 a 1985 (21 anos).
Bolsonaro é um oportunista. Aproveitou o momento em que a maioria do povo brasileiro estava decepcionada com o PT e com partidos de esquerda e quis mudar. A maioria dos eleitores acreditou na promessa do Mito que anunciou um combate rígido à corrupção e ao crime organizado e votou para que ele liderança mudanças para moralizar os costumes políticos na nação.
O Mito chegou ao poder sem projeto para governar. Nunca se preparou para governar. Continuou a alimentar o discurso de confronto com supostos inimigos e criou um batalhão de seguidores que não sabem distinguir a esquerda da direta. São simplesmente adoradores do mito. Diante da crise sanitária que fustigou o mundo e abala a economia do Brasil, o Mito hoje é um caçador no mato sem cachorro pra caçar. Arthur Lira não ameaça ninguém. Só aviou que agora o apoio ao Mito vai custar mais caro .Só isto. O Centrão não dá apoio sem retorno nem ponto sem nó.