Ivan Santos*

Os brasileiros, principalmente os políticos, comemoram no Dia 8 de março,  em todo o Brasil, com saudações e discursos enfáticos, o Dia Internacional da Mulher. Pessoalmente sou contra a este tipo de homenagem que considera discriminatória e politiqueira.
Entretanto, como ação promocional e festiva, comemora-se amanhã no mundo ocidental o “Dia Internacional da Mulher. No Brasil, os politiqueiros da politicagem e da politiquice aproveitam para homenagear mulheres com uma intenção: conquistar-lhes os votos para algum projeto eleitoral. Eu não comemoro nem trato esse dia como especial, simplesmente porque entendo que mulher e homem são iguais. Iguais em todos os sentidos, exceto em naturais exceções físicas. Por esta razão elementar não vejo razão para haver no mundo moderno, no Século XXI, o Século da Igualdade Humana, um dia especial para homenagear mulheres.
Há alguns anos, quando trabalhei em um  jornal, não havia mulher na redação. Quando apareceram as primeiras, elas eram novidade e muitos duvidavam, que tivessem competência para apurar ocorrências em ambientes complexos como delegacias de políticas e campos de futebol. As primeiras repórteres foram impostas pela direção do jornal. Conheci um chefe de reportagem que só escalava mulher para cobrir ocorrências sociais como desfiles de modas, avaliações culinárias e temas próximos de prendas domésticas. As mulheres sentiam a discriminação, mas, pacientemente, foram chegando e penetraram nas redações. Não passou muito tempo e a capacidade delas apareceu.
Na redação participávamos diariamente de uma reunião de “Jornalismo Comparado”. Era uma análise do que fazíamos medida com o trabalho dos concorrentes. Simples: escolhíamos uma matéria de concorrência, por exemplo: um incêndio. Cada repórter via a ocorrência de modo diferente. Então comparávamos a nossa cobertura com as dos concorrentes e assim nos aperfeiçoávamos. Nessas reuniões as mulheres começaram a mostrar grande capacidade observadora e competência para análises de situações.
Quando as mulheres começaram a produzir notícias de fatos, começamos a perceber que os textos que elas escreviam eram mais interessantes porque introduziam conteúdos humanos nas descrições. As repórteres comentavam emoções humanas e assim valorizavam os textos noticiosos que, para os homens, eram restritos às respostas clássicas do lead histórico (que, quando, onde, como e por quê).
Passados alguns anos, numa reunião de avaliação da redação, um colega nosso proclamou, com coragem: “Homens da redação: uni-vos e vos aperfeiçoai porque todos, logo poderão ser substituídos por mulheres. Elas são sérias, estudiosas e mais dedicadas ao trabalho do que nós”. Ele não errou. Hoje, nas redações, principalmente nas emissoras de televisão, 60% dos reportares são mulheres. E elas são muito competentes e criativas.
Por esta minha experiência pessoal com mulheres em redações de jornais, repito que não aprovo um dia especial para homenagear mulher. Mulher e homem são iguais perante a lei e perante a vida. No jornalismo, que foi meu campo de batalha, elas têm sido mais hábeis e mais criativas. Mulheres não precisam de homenagens. Precisam, simplesmente, de serem respeitadas como seres humanos inteligentes. Além disso, o que aparecer é  prosopopeia.

*Jornalista