Ivan Santos*

Bolsonaro não é ingênuo. Ele sabe que o problema dos caminhoneiros brasileiros não é o preço do diesel. É a falta de carga.
Com as facilidades abertas pelos governos do PT-PMDB, motorista que quis pôde comprar um caminhão para pagar a perder de vista. Foi uma política para favorecer às montadoras que faturaram alto no Brasil. Hoje, no mercado, tem caminhão demais e carga de menos.
Como a economia esfriou e não se reaqueceu nos primeiros dois anos do governo do Capitão Mito, as cargas diminuíram. Então, se há mais caminhões do que carga, o preço do frete cai. É a lei da oferta e da procura em ação no mercado livre, tal como deseja o liberalismo econômico defendido pelo grupo político que está no poder.
O Mito sabe que o problema dos caminhoneiros não se resolve por decreto. Se a economia não reaquecer, quem tiver caminhão financiado e não puder pagar as prestações vai devolver o veículo e o banco credor que, em seguida, vai leiloar o veículo. Os caminhões devolvidos podem ser comprados por uma grande empresa transportadora que vai ocupar o espaço deixado pelos proprietários individuais de caminhões.
No liberalismo econômico a competição no mercado é a regra principal para manter o equilíbrio dos preços. Assim só sobreviverão os mais fortes. No liberalismo o mercado se ajusta em tempo de crise. O transporte é um setor no qual só sobreviverão as grandes empresas. Caminhoneiro que quiser continuar na profissão só como empregado em uma transportadora. Esta lei valerá para todos os artesãos que serão esmagados pelas corporações capitalistas. No livre mercado vigora o domínio dos poderosos. “Quem não tiver capital para competir não deve se estabelecer”.

*Jornalista