Ivan Santos*

Tomei vacina comunista ontem. Confesso que fiquei curioso para saber se eu amanheceria hoje com ódio de capitalistas liberais e de bolsonaristas. Nada aconteceu. Não senti ódio de ninguém nem dor ao tomar o inoculante. Amanheci sem capacidade intelectual para falar ou entender Mandarim. A vacina da China foi como a da gripe que tomei nos últimos anos. A simpática enfermeira que me vacinou garantiu-me que não vou virar jacaré. Bem que eu gostaria de me transformar em cobra cascavel para picar extremistas políticos radicais da direta e da esquerda.
Hoje vacinado e a espera da segunda dose no prazo máximo de 30 dias, medito sobre a prioridade do nosso presidente, Capitão Mito: liberar mais armas para o povo. Particularmente eu gostaria de vê-lo liberar mais vacinas para imunizar rapidamente, pelo menos, 80% do rebanho humano nacional. É gente à beça e somente dois milhões da Oxford da Índia não e bastante para levar esperança aos moradores de 5XXX municípios da Terra de Santa Cruz. Sem vacinar, pelo menos dois terços do rebanho, a economia continuará semipesada e metade das empresas poderão fechar as partas até o fim deste ano. Seria uma tragédia maiúscula.
Aqui no Triângulo Mineiro até oxigênio já começou a faltar em alguns municípios e os hospitais locais e regionais estão lotados. Visualiza-se uma tragédia de proporções jamais imaginadas por aqui. As lideranças municipais locais estão perdidas no cerrado sem ter com quem conversar. O governador dos mineiros, para ter vacinas depende do governo da União. O presidente, que é o comandante geral desta inusitada batalha, quer é autorizar a compra de armas para que, com elas, as pessoas combatam o Corona. A coisa tá feia, irmão. Muito feia. Como diria o saudoso Tião Carreiro: “Quem não for filho de Deus tá na unha do capeta”.

*Jornalista