Em suas últimas declarações oficiais como pró-reitor de Graduação, Armindo Quillici Neto explicou os motivos que levaram a UFU a optar pela continuidade das aulas remotas, ao menos, até junho

Ascom/UFU – Imagens: Reprodução/Google Meet

Professor lotado no Campus Pontal da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Armindo Quillici Neto esteve no comando da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) nos últimos quatro anos, durante a primeira gestão do reitor Valder Steffen Júnior. Deixou o cargo oficialmente nesta segunda-feira (01º/02), para assumir uma nova missão na equipe gestora da instituição, como assessor especial. Nesta entrevista coletiva, concedida na semana passada aos estagiários da Diretoria de Comunicação Social (Dirco/UFU) e mediada pela jornalista Eliane Moreira, o ex-pró-reitor abordou e esclareceu vários temas que preocupam a comunidade acadêmica e quem ainda deseja estudar na UFU, tais como calendário acadêmico, vestibular, Sisu, transferências, formaturas, emissão de diplomas virtuais, ensino remoto e perspectivas de retorno às atividades presenciais.

Professor Armindo, a Rede Municipal de Ensino de Uberlândia anunciou que vai começar as aulas de 2021 em caráter híbrido, com metade dos alunos frequentando aulas presenciais a cada semana e possibilidade de estudo apenas de forma remota para os que preferirem assim. Como está o planejamento da UFU para estes próximos meses? As aulas continuam sendo apenas remotas ou também teremos as híbridas?
Armindo Quillici Neto – A UFU já decidiu, em dezembro, como será o primeiro semestre de 2021. No segundo semestre do ano passado, o Conselho de Graduação (Congrad) teve várias discussões sobre como seria a reorganização daquele período que ficou sem atividades pedagógicas em 2020, tanto no primeiro quanto no segundo semestre, mesmo ocorrendo aqueles períodos emergenciais (com as Atividades Acadêmicas Remotas Emergenciais – AARE); o primeiro entre 10 de agosto e 10 de outubro e o segundo, de 22 de outubro a 23 de dezembro. No entanto, nós permitimos, por meio da resolução do Congrad que autorizou estas atividades especiais, que tanto o professor como o aluno tivessem a liberdade de ofertar/fazer a disciplina ou não. Fizemos isso porque era uma condição muito especial tanto para alunos quanto para professores.
Ocorre que, durante o segundo semestre, nós instituímos na Prograd uma comissão que trabalhou para elaborar uma proposta de retorno para o ano de 2021. Esta proposta de calendário foi encaminhada ao Conselho de Graduação e, posteriormente, debatida por ele. Daí, na primeira metade de dezembro, aprovamos a Resolução 25/2020.
Então, como ficou organizado? O calendário prevê quatro etapas: a primeira será de 1º de março até 19 de junho de 2021; a segunda, entre de 12 de julho e 6 de novembro; a terceira, de 29 de novembro de 2021 a 2 de abril de 2022; e o quarto momento vai de 2 de maio a 20 de agosto de 2022. A primeira e a segunda etapa do ano de 2021 são espelhos do calendário de 2020, ou seja, referentes aos dois semestres letivos do ano passado. Nós, do Congrad, optamos por não suspender e inutilizar o ano passado; pelo contrário, optamos por recuperá-lo. Acreditamos que, em quatro anos, vamos recuperar todo o tempo perdido.

Como será isso?
O calendário que já temos estabeleceu dois anos. Depois disso, o Congrad vai avaliar o que aconteceu e propor os próximos dois anos para recuperar todo o período e ajustar o semestre da forma correta. Então, as aulas na UFU voltam no dia 1º de março, apenas remotamente. Os estudos de um Grupo de Trabalho que instituímos junto ao Comitê de Monitoramento à Covid-19 da UFU apontaram que a pandemia vinha em uma ascensão e que havia uma projeção da Vigilância Sanitária de que ela cresceria. Por isso que o Congrad optou que este primeiro semestre, entre março e junho, seja totalmente remoto na graduação. Nele não haverá opção de híbrido nem de presencial. Quanto às disciplinas que também possuem atividades práticas, o conselho autorizou que o colegiado de cada curso possa fazer os desmembramentos dessas disciplinas para que sejam ofertadas neste momento apenas as partes teóricas; as práticas vão ocorrer somente quando houver a volta (do sistema) pre sencial.

Por que as universidades federais não tomam as mesmas decisões e adotam calendários unificados?
Nós temos autonomia acadêmica para organizar o calendário, conforme as nossas condições individuais. Nosso Conselho de Graduação, que regula essas questões entendeu que não é o momento para a volta presencial, pois estamos vendo um crescimento exponencial da curva da pandemia. Eu entendo que não é muito fácil, desde março, ficar na casa dos pais, mas é preciso ter paciência. Durante os meses de maio e junho, vamos debater com o Congrad a autorização para a volta presencial (no semestre seguinte). Isso vai depender da pandemia, das condições; quem sabe melhora o índice de vacinação? A curva cai? Daí talvez a gente possa trazer um percentual de alunos; depois aumenta o percentual. Vamos estar sempre estudando isso.

Que balanço o sr. faz a respeito dos resultados das AARE? Foram satisfatórios?
No início deste mês de janeiro, instituímos uma comissão com participação de três estudantes, indicados pela Pró-Reitoria de Assistência Estudantil, técnicos administrativos da gestão da Reitoria e três professores do curso de Pedagogia justamente para fazer esta avaliação das duas etapas das AARE. Portanto, estamos elaborando um sistema com um questionário para a comunidade acadêmica – estudantes, técnicos e docentes. Prevemos que, até o final de março, teremos estas respostas e o relatório da comissão. Enquanto isso, já tivemos uma reunião virtual muito interessante com a participação dos membros desta comissão, os coordenadores de cursos e diretores de unidades acadêmicas.
Somos uma universidade de curso presencial, mas que, por conta da demanda gerada pela pandemia, tivemos que nos organizar neste novo ambiente, com as aulas remotas. Ouvindo os diretores e coordenadores, tivemos relatos de mudança de comportamento de estudantes e professores nesse novo formato de trabalhar o processo de ensino e aprendizagem. Eu ouvi experiências positivas, mas também ouvi críticas, com dificuldades em conduzir as atividades.
É claro que neste processo não é possível a gente ter um olhar único. É preciso avaliar as condições tecnológicas para ofertar essas disciplinas. Também é necessário avaliar as condições do professor para ofertar a disciplina, considerando que este docente tenha trabalhado 30 anos em um único formato. Quando você coloca esse professor para trabalhar nessa nova dimensão, ele vive uma crise. Então, precisamos compreender que não é tão simples. Os estudantes também possuem suas condições (específicas): alguns estavam em locais de acesso ruim à internet; às vezes, não possuíam o computador para participar das atividades; as condições em casa não eram favoráveis ao ambiente da aprendizagem.
Precisamos perceber que houve pontos positivos e negativos nesse processo. É isso que queremos ouvir da comunidade, ao responder o questionário, para termos essas informações na forma de estatística e científica. O que estou dando aqui é uma opinião sobre o que ouvi dos coordenadores e diretores.
Mas, dentro da pandemia e de todas estas dificuldades, acredito que contribuímos para que muitos alunos pudessem realizar a sua colação de grau. Já houve um número significativo de alunos colando grau em novembro e isso também vai acontecer agora, no dia 4 de fevereiro. Nesse aspecto, eu vejo que foi positivo e avalio que a gente tomou a decisão correta, porque uma mudança de valores em relação à educação era necessária neste momento em que o país vive. Estamos em um momento de desmoronamento dos paradigmas da própria educação, de como ela se organiza. Então, precisamos ter sempre bastante tranquilidade.
Por isso que a UFU já decidiu que não teremos aula presencial até junho. Não queríamos deixar nossos alunos em uma situação delicada. Temos, ao todo, entre alunos de graduação e pós-graduação, quase 30 mil alunos de 1.600 cidades ‒ levantamento que fizemos recentemente. Somando os servidores efetivos, terceirizados e prestadores de serviços, nossa comunidade acadêmica se aproxima de 40 mil pessoas. Trazer todo mundo de volta ao mesmo tempo seria uma irresponsabilidade com os estudantes e com as cidades onde os colocaríamos. Teríamos um crescimento da pandemia de forma desordenada. Pensando na nossa responsabilidade de instituição superior, de instituição formadora e na nossa cidadania, achamos que precisamos ter cautela. Vamos voltar de forma remota para ter o cuidado com nossos estudantes, professores e servidores. Essa é a ideia básica de tudo isso.

Com relação a quem está prestes a se formar, a universidade vai criar algum formato para que esses alunos que, por exemplo, precisem cursar apenas mais uma ou duas matérias, possam fazer alguma prova e concluir o curso?
A norma de graduação da UFU já prevê essa situação, com os exames de suficiência. Nessa norma, há as regras para que o aluno se submeta a estas provas. Ele precisa atendê-las, ter média superior a 85 pontos, além de não poder ter reprovado na disciplina que está solicitando o exame de suficiência. A Resolução 25/2020, que autorizou o calendário acadêmico, não limita esse direito. Então, se for o caso, o aluno deve fazer a solicitação à coordenação de seu curso para realizar os exames de suficiência. Esse trâmite ocorre nas coordenações e colegiados dos cursos.

E quanto à oferta de disciplinas finais que precisam ser cursadas presencialmente? Não há nenhuma possibilidade disso ocorrer agora?
Vamos ofertar tudo que precisa ser ofertado, exceto estas disciplinas práticas, que necessitam de aula presencial ou trabalho de campo; isso não será permitido neste momento. Vou dar minha opinião: provavelmente, o comitê e o Congrad vão ter que discutir para o início do semestre de 12 de julho alguma coisa de prática, porque, passando esse primeiro semestre só teórico, com o acumulado das aulas teóricas que já tivemos nas AARE, certamente teremos alunos que vão finalizar todas as atividades teóricas, faltando apenas as práticas. No mais, é responsabilidade dos colegiados criar as condições para que os alunos terminem seus cursos. Quem conhece a realidade do curso, se aquela disciplina pode ou não ser realizada de forma remota, é o colegiado. Então, os colegiados já estão se organizando para isso.

Por favor, comente um pouco mais sobre as próximas formaturas…
Teremos uma colação em breve, no dia 4 de fevereiro. Ela será virtual, com transmissão pela RTU – Fundação Rádio e Televisão Educativa de Uberlândia –, que é associada à Dirco. Já está tudo pronto para este evento. Vai seguir os mesmos moldes daquele de novembro, que ficou muito bonito; a RTU fez um belo trabalho. Agora, vamos “enxugar” um pouco, diminuir o tempo da colação para ela não ficar muito extensa e cansativa. A proposta é legal: o familiar tem acesso à formatura em qualquer lugar em que estiver. No próximo semestre também teremos uma colação. Isso é um compromisso e uma obrigação que a gente tem: todo aluno que concluiu o curso precisa ter a colação. Também temos a opção da colação de grau especial, que pode ser feita antecipadamente, diretamente entre o curso e a Diretoria de Administração e Controle Acadêmico, a Dirac.

Uma das perguntas que mais temos recebido nas redes sociais da UFU é sobre a obrigatoriedade desse retorno às aulas de forma remota. Afinal, isso vai ser obrigatório ou facultativo, como foi a adesão às AARE?
Este é um esclarecimento importante: estas aulas que começam no dia 1º de março não serão mais facultativas aos professores, mas em relação aos alunos sim. Quem não tiver condições de acesso não será prejudicado, não terá reprovação. Por exemplo, ele pode se matricular na disciplina e – caso seja reprovado – aquela reprovação será anulada. Isso é um compromisso da resolução do Congrad para não prejudicar o aluno que não tem as condições da participação. Então, nesse primeiro semestre, entre março e junho, serão ofertadas as primeiras disciplinas de 2020, com a mesma carga horária. Os professores já tiveram tempo para se preparar, para fazer os cursos sobre como trabalhar com as plataformas.

Falemos agora sobre as provas de transferência para a UFU. Elas vão ser aplicadas neste ano?
Sim, mas não agora no início do ano. O ano letivo de 2021 só vai começar no dia 29 de novembro. Então, a nossa Diretoria de Processos Seletivos está preparando o edital, mas ainda não há data para a sua publicação. Optamos por publicá-lo um pouco mais para frente.

Ainda em relação a este tema, atualmente, apenas alunos de outras instituições brasileiras podem concorrer nos editais de transferência para os cursos de graduação da UFU. Há perspectiva e possibilidade de abertura à participação também de quem estuda no exterior?
Eu achei curiosa essa pergunta e já fiz a anotação para levá-la à comissão que trabalha com a elaboração do edital para que sejam verificadas a viabilidade, a possibilidade e a legalidade desta proposta. Para este ano, eu acredito que ainda não vai ser possível fazer esta inserção de alunos que estudam fora do Brasil.

Fiz esta pergunta porque também é um questionamento que nos chega várias vezes. Por exemplo, tem gente que estuda Medicina na Bolívia e quer terminar o curso aqui. Daí explicamos que, pelas regras atuais, a pessoa precisa terminar o curso no exterior e depois tentar uma revalidação do diploma. A transferência no decorrer do curso para a UFU só é aberta para quem estuda em instituições brasileiras…
Você está correto. Há duas formas de se fazer a revalidação de diplomas do ensino superior. A do curso de Medicina é feita de forma separada e vinculada ao Ministério da Educação; as universidades públicas, em especial, que fazem essa revalidação, por meio de edital lançado pelo MEC. Diferente disso, é a revalidação dos demais cursos de graduação, das outras áreas de conhecimento. Hoje existe uma plataforma do Ministério da Educação que se chama Plataforma Carolina Bori. Por meio dela, o aluno já diplomado coloca a documentação de conclusão do curso, histórico escolar, ementas e indica qual instituição brasileira ele deseja que faça esta revalidação. Aqui na UFU, recebemos muitos casos assim e processamos estas revalidações de diplomas, por meio das comissões de cursos, comparando os conteúdos e cargas horárias. Podemos liberar o registro do diploma nacional para o aluno ou, caso haja discrepância, pedir para que ele faça uma complementação da carga horária.

Apesar do cronograma do edital do Vestibular 2020/2 ainda estar em andamento, já recebemos muitas perguntas sobre previsão para abertura do período de inscrições para o próximo vestibular? Ele será aplicado em agosto deste ano, conforme especificado no calendário acadêmico?
Sim, o próximo vestibular deve ocorrer nos dias 28 e 29 de agosto. É claro que tudo depende da pandemia; ela que é o nosso orientador. Nós conseguimos aplicar em dezembro o vestibular de 2020, que seria realizado em abril e junho. Sabíamos que haveria uma ascensão da curva da pandemia, mas conseguimos aplicar o vestibular sem incidentes. De fato, houve uma evasão significativa de estudantes, até mesmo porque as inscrições foram feitas em fevereiro e março e muita gente deve ter passado em outros vestibulares. Perdemos muitos candidatos, mas não vamos perder em alunos, pois classificamos a mesma quantidade de sempre, 6 mil candidatos. A principal mudança foi a concorrência menor. Então, as chamadas terão o mesmo número de pessoas na fila para as matrículas. Voltando a falar da próxima edição, há perspectiva sim de fazê-la em agosto, mas isso vai depender da pandemia, das condições sanitárias para aplicação das provas.

Esta experiência do vestibular de dezembro, com todos os cuidados e protocolos de segurança que foram adotados, pode contribuir bastante para direcionar o processo de retorno às atividades presenciais; não é verdade?
O protocolo do vestibular realmente teve sucesso. As pessoas o seguiram com rigidez, não tivemos grandes conflitos em relação à entrada de estudantes e conseguimos ampliar o número de salas de aula e prédios para fazer um pouco mais de espaçamento nos locais de aplicação de provas. Os candidatos corresponderam com as exigências – máscara, água, alimentação. Quanto à sua pergunta, já estamos discutindo no comitê o protocolo para uma possível volta em 12/07; estamos fazendo um piloto de protocolo com os diretores de unidades acadêmicas, sendo que cada uma delas vai precisar ter uma comissão de biossegurança para fiscalizar suas condições para que esse protocolo seja cumprido. Em breve, pretendemos publicar esse novo protocolo que irá organizar e orientar a volta dos estudantes no momento presencial. Nós já temos um protocolo publicado na página da Dirco organizando quando voltar com 25% dos alunos ou se não voltamos com 25% sim com 50% ou 100%. Enfim, j á temos esse instrumento para avaliar e estamos fazendo, ainda em caráter laboratorial, estudos da pandemia nas quatro cidades onde a UFU está: Uberlândia, Ituiutaba, Monte Carmelo e Patos de Minas. Nós temos duas notas técnicas publicadas por esta comissão composta por pessoas da gestão, gente do grupo de imunologia da UFU e gente da estatística – que está ajudando a elaborar os gráficos. Ainda não publicamos esses documentos porque não queremos fazer conflito com as secretarias municipais de Saúde, mas pedimos as informações a elas e montamos os nossos gráficos para orientar as decisões administrativas da universidade.

Para encerrarmos este assunto do último vestibular, gostaríamos que o sr. respondesse alguns questionamentos que recebemos no perfil oficial da UFU no Instagram. São a respeito dos critérios: o perfil @edernx quer saber por que classificar menos candidatos para a segunda fase nos cursos mais concorridos e mais candidatos nos menos? Não deveria ser o contrário? A @juliana.alves comentou que, por conta deste critério, 205 modalidades de cursos da UFU em todos os campi ficaram com nota de corte zero. É verdade?
De início, sim. Mas foi feita uma retificação de edital, modificou-se isso e classificou tudo igual, todo mundo, para colocar o número máximo de alunos (na segunda fase). Então, nós utilizamos o mesmo padrão – nota seis – para todos os cursos. A retificação que foi feita atendeu e resolveu esta questão. Isso aconteceu mesmo, mas, depois das solicitações recebidas de alguns estudantes e familiares, a Diretoria de Processos Seletivos fez uma revisão e já voltamos ao que era antes.

E quanto ao Sisu? O cronograma da UFU para a seleção dos calouros do primeiro semestre de 2021 já está definido?
O nosso edital ainda está em elaboração para ser encaminhado ao Ministério da Educação. Antes da publicação, precisamos das autorizações da nossa procuradoria e do MEC. Acredito que será publicado em breve, porque já há um movimento do Ministério da Educação e do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) para a liberação das listas de aprovados até março. No entanto, não devemos nos assustar se isso atrasar um pouco. Aí vem todo o processo que a UFU precisa fazer para organizar suas listas e efetivas as matrículas. Este processo leva em torno de dois meses. Então, se as listas saírem em março, no final de maio estarão todos matriculados para iniciarem as aulas em 29 de novembro.

Quando houver o retorno das aulas presenciais, como ficará de imediato a questão do Programa de Moradia Estudantil? Funcionará normalmente ou haverá novos protocolos ou regras? Já foi debatido algo nesse sentido?
Vocês e o pessoal da minha idade, na faixa dos 50 e beirando os 60 anos, não seremos vacinados tão cedo. Serão muitas dificuldades até que as vacinas cheguem a todos os grupos e há grupos prioritários para serem vacinados. Eu vi uma reportagem que mostrou que os Estados Unidos, mesmo com todo o esquema que está sendo organizado para vacinar quase que a totalidade da população, preveem que só irão concluir a vacinação em meados de 2022. Por aqui, não vamos ter as condições. Este é um país complicado; estamos assistindo a uma guerra até para aplicar a vacina. Não se discute protocolo, não se discute nada (definido) até junho. A discussão é organizar para começar (a vacinação em massa) em julho. Quando for definido o retorno dos nossos alunos aos campi, todos os serviços destinados a eles terão que voltar a funcionar normalmente – mas, claro, que dentro dos protocolos de segurança que a Vigilância Sanitária nos obriga a cumprir. Eu sou presidente do Comitê de Monitoramento à Covid-19 da UFU. Quando o comitê autorizar a volta presencial, tanto a moradia estudantil, quanto o transporte (Intercampi), o Restaurante Universitário e as bolsas que dão sustento à permanência do aluno na universidade, todos esses serviços, serão implementados. A universidade está preparada para isso.

Uma última questão que gostaríamos de abordar com o sr. é a respeito de documentações. Muita gente não está ou não mora mais em Uberlândia e nos envia mensagens querendo saber se é possível providenciar, por exemplo, diplomas virtuais. Existe alguma novidade em relação a este tipo de demanda?
Há uma legislação do Ministério da Educação indicando para as universidades federais que já deveriam organizar a emissão do diploma de forma virtual. Ou seja, não é somente mandar o diploma, é a construção de todo um novo sistema. Nós preparamos esse sistema em 2020: as assinaturas dos diplomas, os carimbos são todos virtuais. Tivemos que fazer a contração de uma empresa, que é autorizada a emitir esses carimbos virtuais, para que possamos fazer a assinatura dos diplomas virtualmente a partir de agora. O diploma vai ser todo processado de forma virtual e o setor vai encaminhá-lo para o e-mail do aluno, que poderá fazer a impressão do documento em casa mesmo ou carregar este arquivo em um pen-drive, por exemplo. Só para completar em relação a este assunto, recebemos recentemente um documento do MEC informando que ele está preparando uma base de dados para ser a fonte da emissão dos diplomas virtuais das universidades federais. Ou seja, ta lvez, na próxima etapa não precisemos mais contratar uma empresa para fazer o carimbo virtual, pois o próprio ministério nos daria as condições. Estamos analisando a possibilidade de fazer a adesão a este convênio com o Ministério da Educação.

Muito obrigado pela entrevista, professor Armindo. Deixamos o espaço aberto para alguma informação ou mensagem final que o sr. queira passar.
Quero agradecer a vocês por esse momento, em que podemos divulgar as ações da Pró-Reitoria de Graduação e da universidade. Estou deixando a Prograd porque o professor Valder (Steffen Júnior, reitor) entendeu que eu deveria estar em outro lugar na equipe e me convidou para fazer uma assessoria no Gabinete para assuntos da área de Educação, de Ensino. Há muitas questões que precisam ser resolvidas e que, no cotidiano das pró-reitorias, não dá para se resolver, tais como: cursos com baixa entrada, cursos com muita evasão, consolidação dos campis fora de Uberlândia; são muitos desafios a serem enfrentados e o professor Valder me convidou para fazer esse trabalho junto a ele. Quem assume a Prograd é a professora Kárem (Cristina de Sousa Ribeiro), da Fagen (Faculdade de Gestão e Negócios).
Agradeço pelo espaço que vocês, que são os representantes da Dirco, sempre deram à Prograd. Eu sempre me senti muito contemplado nas nossas divulgações. Concluímos um trabalho de quatro anos e saio muito feliz com o que fizemos. Este último ano foi atípico mas desafiador, porque exigiu muito da gente, exigiu que a gente se desdobrasse no trabalho. Foi muito enriquecedor, eu cresci muito. Eu sou “pequenininho” (risos), mas cresci muito sob o ponto de vista da formação, da aprendizagem e no relacionamento com a universidade.
Em nome de vocês, estagiários, cumprimento e agradeço a todos os estudantes da UFU. Ao longo desses quatro anos, nunca fui destratado ou desrespeitado por nenhum aluno da UFU, apesar de todas as muitas dificuldades que tivemos. Sempre me senti muito respeitado pelos professores e técnicos, mas, em especial, pelos estudantes.
Sou professor de Filosofia no curso de Pedagogia do Campus Pontal e estou afastado da sala de aula desde que fui para a Prograd. Não sei se vou voltar para a sala agora; ainda estou verificando isso. Se for para voltar, não há nenhum problema; voltar para a sala de aula é sempre um prazer. Trabalhar com os estudantes sempre é um prazer. Já estou em sala de aula há 34 anos e meio; “é só isso que eu sei fazer da vida”.