Programação traz conferências nas manhãs dos dias 26 a 28 de janeiro

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Janeiro é o mês de conscientização sobre a hanseníase, uma doença infecciosa crônica causada por uma bactéria, Mycobacterium leprae, que atinge os nervos periféricos – braços e pernas -, olhos e pele. De acordo com os especialistas, o Brasil é o segundo país do mundo com maior número da doença, sendo a Índia o país com maior índice. Por ano, são registrados em média, 30 mil novos casos no Brasil.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado evitam a evolução da doença e, consequentemente, impedem incapacidades físicas. O tratamento é gratuito e está disponível nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
No Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), o atendimento é realizado no Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária e Hanseníase (Credesh), um dos seis centros especializados do país e o único em Minas Gerais. “Atuamos nas áreas de assistência, ensino, pesquisa e extensão”, relata a coordenadora do Credesh, a médica Isabela Goulart.
O centro possui uma equipe multiprofissional, que atende pacientes de 75 municípios de quatro Superintendências Regionais de Saúde (Uberlândia, Uberaba, Ituiutaba e Patos de Minas), com uma população de aproximadamente R$ 1,4 milhões de habitantes em sua área de abrangência. Recebe também pacientes de outras regiões do estado e do país.
São oferecidas consultas ambulatoriais em hansenologia e em outras especialidades, além de procedimentos como biopsias e diversos tipos de exames. A coordenadora destaca, ainda, que são realizadas ações de prevenção e reabilitação de incapacidades, para inclusão social e monitoramento dos contatos diretos dos pacientes. “Com o objetivo de cumprir a meta de um ‘Brasil sem Hanseníase’, fazemos o monitoramento durante cinco a sete anos – período de incubação da doença – desses contatos, o que tem permitido diagnóstico e tratamento precoce”, relata.

Transmissão, diagnóstico e tratamento
A hanseníase é transmitida pelo contato direto e prolongado entre uma pessoa portadora da bactéria nas vias aéreas superiores, que não esteja em tratamento.
Os principais sintomas são manchas mais claras, vermelhas ou mais escuras com alteração da sensibilidade no local associado à perda de pelos e ausência de transpiração. Dormência, perda de tônus muscular e retrações dos dedos, com desenvolvimento de incapacidades físicas, caroços e/ou inchaços nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos, cotovelos e pés também são características da doença.
O diagnóstico, segundo a coordenadora do Credesh, é clínico, por meio de inspeção detalhada da pele em toda a superfície corporal, para avaliação da sensibilidade ao calor, à dor e ao tato em áreas da pele ou em lesões suspeitas e palpação dos principais nervos periféricos superficiais dos braços e pernas, associado também com exames para confirmar a presença do bacilo causador da doença.
O tratamento da hanseníase é feito com uma associação de medicamentos chamada “Poliquimioterapia” (PQT), disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “De modo geral, o tratamento varia entre seis, 12 e 24 meses, dependendo da forma clínica da doença e do tempo de infecção do paciente. A pessoa acometida por hanseníase hoje realiza tratamento ambulatorial e em domicílio, sem a necessidade de isolamento compulsório como realizado no século passado”, enfatiza Goulart. A médica destaca que este isolamento criou um preconceito em relação à doença com consequências sentidas até hoje por ex-pacientes, pacientes e familiares. “O problema da hanseníase em nosso país é muito maior do que apenas seus aspectos clínicos. Trata-se de um grave e importante problema social, cuja solução só poderá ser construída através da comunhão entre poder público, ciência e sociedade”, afirma.

Programação
Para celebrar a Semana Mundial de Luta contra o Preconceito pela Hanseníase/2021, o Credesh/HC-UFU, em parceria com a Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia (Vigep), as Superintendências Regionais de Saúde de Uberlândia e Uberaba, o Movimento de Reintegração da Pessoa Atingida pela Hanseníase (Morhan) e a Casa das Bem Aventuranças (CBA), prepararam uma programação on-line, em decorrência do contexto epidemiológico da pandemia do novo coronavírus, com conferências nos dias 26, 27 e 28, sempre às 10h, abordando os seguintes temas: “Desafios relacionados ao diagnóstico e tratamento da hanseníase – perspectivas terapêutica”; “Atenção pós alta do tratamento da hanseníase: reação hansênica, identificação e manejo” e “O fortalecimento da rede de atenção à pessoa atingida pela hanseníase e o papel do Credesh como referência nacional”. As conferências serão pelo Google Meet e o acesso, disponibiliz ado no dia do evento pelo site www.credesh.ufu.br.