Marília Alves Cunha*

A pandemia tem mostrado claramente, entre outras coisas, como a saúde tem sido relegada a segundo plano no Brasil. Encontrou um país de saúde sucateada e explorada, ineficiente para suportar qualquer golpe de maior ressonância em toda sua extensão, como está sendo o caso do novo Covid 19. Encontrou um país predisposto a acolher o vírus, principalmente depois de festas grandiosas como a passagem de ano e o carnaval. Se os países desenvolvidos, os de primeiro mundo estão encontrando dificuldades, imaginem as nossas…

Um grande exemplo disto é Manaus. Desde o inicio mostrou-se incapaz de tomar as medidas necessárias ao combate. Os exames para detecção do vírus eram feitos em Brasilia e São Paulo, o que acarretou tratamentos tardios e muitas mortes. Compareceu o Covidão e envolveu governador, prefeito, secretária de Saúde (que inclusive foi presa). Dinheiro enviado pelo governo federal, astronômica quantia, até hoje ninguém sabe, ninguém viu. Volatizou-se o dinheiro da saúde, gasto talvez em outros fins que não a saúde, idem em outros estados, como o Rio de janeiro. E o STF entrou despropositadamente na questão, tirando da União o múnus de comandar o combate à pandemia, restando a ela o dever de dar o apoio logístico e enviar recursos financeiros. O presidente não descuidou-se de sua tarefa. Enormes somas, além de material necessário foram enviados aos estados e municípios. Não fosse a politicagem, talvez fosse até uma coisa lógica: governador e prefeitos têm maior conhecimento de seus estados e cidades podendo, portanto, prever da melhor maneira suas necessidades. Mas a politicagem, que reina em todos os níveis, não deixa que se estabeleça este tipo de raciocínio.
Manaus não deu certo! Infelizmente entrou em crise, com o colapso dos meios necessários para salvar as pessoas. Não adianta, depois do leite derramado e do enorme teatro que também envolveu o assunto (com direito e celular raivosamente jogado e tentativas de panelaço) culpar este ou aquele. É preciso sim, verificar as falhas ocorridas e melhorar a gestão dos meios necessários para combater o mal.

Tenho um amigo, gestor administrativo de hospitais públicos e privados e especializado em organização dos mesmos. Peço licença a ele para repetir algumas perguntas que seriam oportunas ao tempo que estamos vivenciando:
-Em quais hospitais faltou oxigênio?
-Quem é o gestor responsável por cada hospital?
-Quem é o responsável pela compra de oxigênio?
-Foi requisitada a compra no posto de ressuprimento?
-A compra foi autorizada pelo responsável?
-Qual é a empresa fornecedora do material? Se a compra foi efetuada, porque não houve a entrega?
-Se houve comunicado aos gestores de possível falta do material, quais as providências tomadas para evitar o desabastecimento?
Antes de opinar, antes de querer a cabeça deste ou daquele visando apenas o viés ideológico, simpatia, antipatia ou ódio mesmo, (que muitos estão pondo violentamente a descoberto), seria de bom augúrio se informar sobre a “matriz de responsabilidades”, um dos pilares de qualquer negócio, público ou privado.

Manaus veio a calhar, na cabeça de alguns opositores de Bolsonaro. Mas isto seria de se esperar, num país que pede 61 vezes o impeachement do presidente, eleito legitimamente pelo povo, com motivações sem pé nem cabeça, algumas hilárias. Num país onde jornalistas de alguma expressão, num gesto de desatino, sugerem ao presidente a saída pelo suicídio. Uma vergonha! O cúmulo do ódio! Já fizeram narrativas de toda sorte, desde óleo nas praias à vovó de Dona Michele. No momento empreendem mais uma, Manaus, epicentro de uma crise que começou lá em fevereiro e que agora, os mestres da politicagem se acham no direito de comandar, não para resolver, sim para piorar a situação.
Andar com fé, precisamos! A fé não costuma falhar…

*Educadora e escritora – Uberlândia – MG