Rafael Moia Filho*

“Pessoas que são boas em arranjar desculpas;
raramente são boas em qualquer outra coisa” (Benjamin Franklin).

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o Brasil está quebrado e que não pode fazer nada. Ele disse ainda que a pandemia da Covid-19 tem sido “potencializada pela mídia”.
A primeira afirmação demonstra que o governo vai passar quatro anos de sua gestão culpando a pandemia e a mídia por sua incapacidade de gestão frente a economia e a saúde pública. A cobertura da nossa mídia não difere praticamente em nada da mídia internacional em vários países. Não temos presidentes e primeiros ministros reclamando disso enquanto agem, trabalham e resolvem os mesmos problemas que Bolsonaro não consegue.
“Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa mídia que nós temos. Essa mídia sem caráter. É um trabalho incessante de tentar desgastar para tirar a gente daqui e atender interesses escusos da mídia”, disse o mandatário para um grupo de apoiadores na parte externa do Palácio da Alvorada. Estranho que uma simples alteração de tabela de IR não realizada por incompetência seja jogada nas costas da mídia novamente.
O fim do pagamento do auxílio emergencial será um tormento na vida de Bolsonaro e seu governo inerte. Afinal de contas, ele não queria pagar mais do que R$ 200,00 mensais aos que necessitavam, até que o Congresso Nacional assumiu e resolveu conceder R$ 600,00. Porém, esses valores pagos passaram a ser a salvação da lavoura, uma vez que nas pesquisas de aprovação da gestão e do presidente, foi justamente este auxílio que segurou os índices em patamares aceitáveis.
Com o final dos pagamentos, o governo federal que nada fez antes, durante e nem depois da pandemia pela recuperação do pleno emprego, que não consegue ter um plano de desenvolvimento econômico, resta criticar pandemia, vírus, mídia e tudo mais.
Ele também tem culpado políticas de isolamento social adotadas por governadores como corresponsáveis pela crise econômica do país. Isso mostra sua completa ignorância, pois se governadores e prefeitos não tivessem reagido, o país teria hoje mais de 500 mil mortos.
Bolsonaro já culpou a imprensa em outras ocasiões por, segundo ele, disseminar o pânico durante a pandemia. A Covid-19 já matou quase 200 mil pessoas no Brasil. O número de infectados é superior a 7,7 milhões, segundo o consórcio de veículos de imprensa que compila dados de secretarias estaduais.
Na segunda, Bolsonaro fez piada com o uso de máscara de proteção facial, defendida por especialistas como importante para conter a disseminação do vírus. O sujeito é contra isolamento social, máscaras, vacinas, enfim, um negacionista sem cultura, sem argumentação inteligível e que só pensa em si mesmo e na reeleição em 2022.
Suas ironias em relação à imprensa nas suas lives ou entrevistas a blogs bolsonaristas evidenciam sua completa incapacidade de argumentação sobre quaisquer assuntos. Por isso tem tanto ódio dos jornalistas, principalmente os investigativos que conseguem informação sobre suas interferências nas investigações da corrupção dos filhos e dos seus gastos com Cartão Corporativo acima da média de todos os presidentes anteriores que divulgavam os mesmos gastos com transparência.

*Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.