Ivan Santos*

Estamos na última semana do ano de 2020 que termina na próxima quinta-feira. Na sexta-feira começará o ano de 2021 o terceiro e penúltimo do governo supostamente liberal do Capitão Mito Jair Messias Bolsonaro.
Quem votou no Mito esperando que ele, como um liberal, faria mudanças no Governo do Brasil, pode se conscientizar de que não haverá mudanças da Velha Política para a Nova. Ao longo dos dois primeiros anos na chefia do “Governo Liberal”, o Mito mostrou-se sincero com o que foi durante 28 anos como deputado federal. Naquele tempo, o Mito nunca se apresentou como liberal. Sempre foi um parlamentar que defendeu na Câmara pautas conservadoras: armar a população para enfrentar bandidos, suavizar a legislação de trânsito, combater ideologia de gênero, casamento só entre homens e mulheres, escola sem partido, e combate sistemático contra comunistas reais e imaginários, defesa dos militares e da ditadura de 1964.
Parte do povo, descrente de ações políticas tradicionais conduzidas por uma suposta esquerda acreditou que o Mito seria um renovador político e viu como tábua de salvação a Nova Política em oposição à Velha Política. O Mito nunca apresentou um programa de governo nem respeitou ideias diferentes das dele. Assim, depois de eleito e empossado, formou um governo de “companheiros” obedientes e cumpridores de ordens mitológicas.
O Capitão Mito nunca foi liberal e como será o governo dele no dia 15 passado, na Ceagesp, em São Paulo. Esta companhia distribuidora de produtos hortifrutigranjeiros passou a ser controlada pelo Governo Federal em 1996 em troca de dívidas do Estado de São Paulo ao Governo Federal e entrou no Programa de Privatizações anunciado pelo Capitão em outubro de 2019. O Capitão se esqueceu deste detalhe e, ao visitar a Ceagesp para inaugurar um mastro de Bandeira, prometeu que a Central, no governo dele “não será privatizada”. O Mito sinalizou que não haverá privatização até o final do governo dele. Se os liberais quiserem que empresas estatais sejam privatizadas esperem o segundo mandato dele após 2022. O que o Mito realmente fez foi criar, por decreto, mais uma estatal para encampar parte dos serviços de outra estatal, a Infraero. Este ato é mais uma indicação de que não haverá privatizações de aeroportos no governo do Mito. Não haverá privatização alguma se depender do “governo liberal” do Capitão.

*Jornalista