Gustavo Hoffay*

Não poucas notícias que entram em nossas casas diariamente, a todos os momentos e por diversos canais, são exigentes de autenticidade; daí termos a tendência de repensar a sociedade e algumas instituições a fim de livrarmo-nos de falsos princípios e valores que tentam, subliminarmente, incutir em nossas mentes. Felizmente ainda são muitos os adultos que evitam de imediato atitudes ingênuas ou infantis a partir daquilo que é derramado em suas casas na forma de “notícias”, pedem provas que possam dissuadi-las, rejeitam o que não seja funcional ou o que não pareça racional. E o nosso espírito crítico é, de modo especial, ainda mais aguçado pela rápida circulação de idéias e noticias variadas – obviamente favorecida pela internet e outros meios de comunicação de massa, o que coloca-nos em contato com os mais diversos modos de pensar e viver, sugerindo-nos a relatividade de um universo de pontos de vista impressos, lançados ao ar em rede nacional de rádio e televisão ou via internet. Dessa forma fica claro que o ecletismo da massa tupiniquim se instaure, gerando opiniões diferentes e mesmo discussões ou algo mais que extrapole um necessário controle emocional de muitos, quando diante de convergências pontuais. Aqui não podemos deixar de observar quão grande é a responsabilidade daqueles que dirigem a imprensa escrita e falada e por todos os meios de difusão. Caso as redações apelem única e massivamente ao sensacionalismo e em detrimento da divulgação da verdade absoluta, fica clara a necessidade dos seus respectivos veículos estarem optando pelo lucro comercial , em detrimento da sua real e nobilíssima função jornalística, o que fatalmente termina causando-lhe uma grande falta de credibilidade a partir de uma considerável parcela do seu público. Diariamente sequer dispomos de tempo e espaço suficientes para reflexões sobre o que ocorre à nossa volta; somos interpelados por sentenças e opiniões diversas e (algumas vezes) contraditórias que chegam na velocidade da luz, desnorteiam-nos e por vezes induzem-nos a um ceticismo parcial ou total. Com essas observações não quero negar a legitimidade do pluralismo e de atitudes originadas na sociedade, resultantes da divulgação de certas notícias. Porém, penso, é necessário que o cidadão trate de averiguar o que há de certo e errado em cada opinião ou notícia veiculada, ao ponto mesmo de usar um ou mais filtros para melhor depurar o que deseja-se fazer que entenda. Caso não o faça há o risco de ceder à confusão e à descrença, à revolta e a julgamentos inadequados, o que pode resultar em prejuízos à coletividade e ainda ser comparável a passivo e injusto agressor. Reivindica-se cada vez mais a liberdade de pensamento e de expressão, mas convenhamos que ela tem de vir isenta de mentiras, meias verdades e outras circunstâncias carregadas de interesses espúrios, especialmente por quem deseja aproveitar-se de determinadas situações e unicamente em proveito próprio. A imprensa, berçando na esperança de recompensas para um Brasil inteiro deveria, sim, ensinar ao povo a boa prática do senso crítico e o que auxiliaria diretamente no combate a exploradores e traidores da pátria. O nosso valor e o valor do chão que pisamos é aquilatado como o de instituições que têm em mira a promoção e o bem estar, longe, muito distante , de interesses particulares, egoístas e totalmente reprováveis. É muito estranho que as editorias de alguns canais de comunicação ainda insistam em desconhecer o patamar a que chegou o senso crítico de considerável parcela do seu público e que, sabidamente e felizmente , vem desenvolvendo-se no decorrer do tempo e já dá mostras de um sadio discernimento; um público que conscientemente vive um processo histórico, do qual conhece apenas o início mas que pode definir qual será o seu fim; um público sabedor das intentonas políticas que desejam impor-lhe, que procura arrastá-lo mas que depois, se vencedoras, irá projetá-lo definitivamente ao nada. Nós, brasileiros, a muito deixamos de estar reduzidos a meros representantes de um povo latino-americano e já nos competem as prerrogativas de dignidade, comuns a cidadãos de países econômica e democraticamente avançados. Tomar conhecimento de um fato, discernir a respeito do mesmo e até do caráter da sua fonte já é quase uma obrigação de qualquer um de nós, objetos da dita “mass media” e que existe em função da necessidade de inteirarmo-nos daquilo que ocorre à nossa volta, porém sem induzir-nos a acreditar em opiniões carregadas de pessoais pareceres e que possam sugerir, em suas entrelinhas, uma mudança do nosso ponto de vista a respeito de algum determinado e capital assunto. Sabedores que a verdade liberta, há aqueles que teimam em escondê-la ou a manipulam de acordo com os seus interesses. Coitados, passaram a desconhecer o potencial crítico daqueles a quem servem e que, “apesar dos castigos, estão crescidos, estão atentos e estão mais vivos, apesar dos perigos e da força mais bruta, para que a sua esperança seja mais que vingança e seja sempre um caminho que se deixa de herança” (Ivan Lins).

*Agente Social – Uberlândia