Ivan Santos*

Nesta semana o ministro Henrique Meirelles, titular da Fazenda no Brasil, circulou por emissoras de televisão do País e afirmou que a crise econômica gerada por uma recessão indigesta chegou ao fim e que, a partir do ano que vem, a economia nacional começará a crescer e chegará ao fim do ano e do mandato do presidente Temer em 2,5 ou 3%. Tenho respeito máximo pelo senhor Henrique Meirelles e reconheço nele a competência para gerir finanças públicas e privadas, mas custa-me acreditar que o Brasil sairá da recessão sem reformas necessárias que não permitam ao Governo da União continuar a gastar adoidado como ocorre hoje no Brasil. Há pouco tempo o ministro do Planejamento reafirmou que o rombo nas contas públicas ficará acima de R$ 150 bilhões neste ano. Também o ajuste fiscal prometido pelo presidente Michel Temer, segundo noticiaram grandes jornais desde a semana passada está a ser empurrado para o próximo governo a ser eleito em outubro do ano que vem. Os brasileiros desconfiados esperam ver um candidato com a coragem de prometer na campanha eleitoral que fará um rigoroso ajuste fiscal para reduzir despesas correntes, cortar subsídios, congelar salários e cortar as mordomias quer proliferam no serviço público. Após assumir oficialmente o governo, depois do afastamento da presidenta Dilma pelo Congresso, o presidente Temer comemorou a aprovação pelo Legislativo do Teto de Gastos Oficiais e viabilizou uma reforma trabalhista mínima. Hoje o Governo de Temer não tem votos na Câmara e no Senado para aprovar a reforma da Previdência e a Tributária. Com baixa popularidade (apenas 5% segundo o Ibope), sem dinheiro suficiente no Caixa para ajudar deputados nas próximas eleições e com um enorme sado de Emendas Parlamentares ainda por liberar, o presidente Temer, que conhece muito bem o DNA dos atores que encenam uma ópera bufa no Congresso num ano-véspera de eleições, sabe muito bem que não há clima para aprovar matéria impopular como a Reforma da Previdência. É bom ter em mente que um governo eleito só cuidará de reformas indigestas se for no primeiro semestre do primeiro ano do mandato. Passado este tempo virão as eleições municipais e nenhum parlamentar se disporá a aprovar matérias impopulares. A bonança na economia é uma história animadora, mas quem é discípulo de São Tomé, espera que o tempo que cura o queijo, confirme ou não o raiar de uma madrugada alvissareira. Até lá é prudente confiar no que dizem os astros e estrelas da pátria, porém desconfiando sempre.

*Jornalista