Ascom/UFU

Software prevê alterações causadas por mudanças climáticas em vegetais
Modelo pode ser aplicado para a preservação de reservas ambientais e para o desenvolvimento da agricultura
As espécies estudadas florescem uma após a outra (foto: acervo dos pesquisadores)

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) durante 10 anos resultou na criação de um software que prevê, com margem de acerto de até 98%, as reações de vegetais diante de mudanças climáticas.
O programa de informática tanto serve como ferramenta para preservar espécies silvestres ameaçadas dos diversos biomas como para ser aplicado no planejamento da produção agrícola de inúmeras culturas.
O trabalho, orientado pelo biólogo Kleber Del Claro, docente do Instituto de Biologia (Inbio/UFU), teve início em 2005. Nesse ano, a bióloga Helena Maura Silingardi, também docente do Inbio/UFU, passou a analisar seis espécies de vegetais de uma mesma família, a Malpighiacea.
Ela pesquisou, mês a mês, a fenologia, ou seja, os eventos repetitivos desses arbustos: o tempo de lançamento das folhas, dos botões, das flores e dos frutos. A pesquisa prosseguiu até 2015 com a também bióloga Andrea Andrade, então aluna da pós-graduação, que estudou quatro das seis espécies.
A sincronia das espécies, de floração sequencial – quando cada espécie floresce após a outra – foi analisada em correlação à variação da temperatura ambiente e ao regime de chuvas. Outra observação realizada foi a interação dessas plantas com os animais herbívoros e os responsáveis pela polinização.
“Ao longo do tempo, nós percebemos que a fenologia das plantas foram se alterando”, conta Andrade. Algumas aceleraram, outras retardaram seus processos. “Imaginei como seria se elas florescessem ao mesmo tempo. O que iria acontecer?”, questionava a pesquisadora ao perceber a tendência.
Silingardi iniciou os estudos que resultaram no software (foto: Marco Cavalcanti)
Silingardi explica que os vegetais são os primeiros a responder às mudanças climáticas que percebemos hoje. “A partir do momento que as plantas respondem alterando a sua produção de folhas, frutos e sementes, vai haver uma alteração na vida dos animais que estão ligados a essas plantas”, diz.