Gustavo Hoffay*

Vejo com grande alegria que um número cada vez maior de jovens está interessando-se em aprofundar seus conhecimentos sobre a doença Dependência Química; suas causas e tratamento. E até é muito natural que isso ocorra. A experiência vem mostrando que bom número daqueles que debatem e debruçam-se sobre aquela doença carecem, entretanto, de um pouco mais de saber sobre um tema tão desafiante e, daí, determinadas ações virem a ser implantadas como a algo revolucionário no combate a um mal de fundo psicológico. Por isso ( e muito mais) sou amplamente favorável à capacitação de professores ( voluntários) para que venham, sutilmente, abordar aspectos científicos e sociais daquela doença, em salas de aulas e em atendimento pessoal e presencial a alunos que desejarem esclarecimentos sobre aquele tema tão atual. Sob o meu ponto de vista, estudos e debates em torno das drogas está longe de ser questão de falta ou não de verbas ou de administração específica. Em última análise e baseado em uma experiência vivida ao longo de mais de vinte anos, digo que o alcance de um projeto de educação naquele sentido ultrapassa a esfera estudantil; particularmente distingo uma maneira de apreciar-se tão relevante tema, nunca deixando de considerar um(a) jovem com personalidade, isto é: um ser dotado de liberdade e inteligência, portanto responsável por seus atos e consequentemente portador de direitos e deveres indevassáveis. Ora! Ao Estado cabe estabelecer os princípios necessários para que iniciativas de ações antidrogas não redundem em dispersão, esfacelamento ou injustiça mas, ao contrário, que incentive colaboração harmoniosa da própria sociedade em prol do bem comum. Dentro desse contexto “educação sobre drogas” seria dever e direito dos pais em ações que contariam com o acompanhamento do estado, por meio das escolas públicas e também particulares, pois os filhos àqueles pertencem e com eles formam uma grande família. Nesse sentido toca ao Estado unicamente o papel de secundar e favorecer aquela função paterna, sem tomar a dianteira sobre eles mas, antes, garantindo aos pais uma sadia e harmoniosa convivência familiar enquanto delegando ao filhos a responsabilidade de obter informações extras e legais sobre a doença dependência química. Basta de querer responsabilizar exclusivamente os professores a respeito de educação extensiva sobre prevenção às drogas. Não pode caber a essas instituições uma padronização ou exclusividade do ensino da dependência em relação às drogas; não pode caber unicamente às escolas particulares ou públicas um modo único de pensar, querer e agir dos alunos nessa questão. É algo universal. Francamente…..A educação começa pela família, passa pela escola e termina na sociedade. E, mais: trata-se de um assunto que exige a presença do amor na medida certa e da fraternidade total. É certo que o Estado e as escolas não devem descuidar-se desse assunto, mas devemos contribuir com aquilo que cabe a nós, família e sociedade, fazermos por nós mesmos e a partir do momento que deixarmos a comodidade enquanto passando toda a responsabilidade às nossas autoridades constituídas. Evidentemente as escolas não desinteressariam – se de tão nobre educação, mas a sua parte de contribuição nesse contexto seria a de prover o que fosse necessário e suficiente para ajudar e aperfeiçoar a ação da família, de maneira que possa suavizar intervenções escolares naquela área.

*Presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Frei Antonino Puglisi
Uberlândia-MG