“O lema agora é outro: rouba e faz nada.”
(De uma indignada dona de casa)
“Mais pior”. Como dizia aquela indignada dona de casa, papeando com amigas na banca de verduras da feira: – Corrupção sempre houve. Mas o corrupto de hoje é “muito mais pior” do que o de outros tempos. O lema antigo do pessoal era “rouba, mas faz”. O lema agora é outro: “rouba e faz nada.”
Prefeito de Betim. Não nos pegam de surpresa as informações circulantes nos bastidores políticos de que o nome do prefeito de Betim, Vittorio Medioli, tem frequentado a lista de prováveis disputantes ao governo de Minas. Segundo consta, impressionados com sua atuação como gestor, alguns próceres andam ensaiando a possibilidade de lançar campanha com base num inusitado “Fora Medioli”, com o objetivo – ao contrário de outros movimentos de título assemelhado – de convencê-lo a deixar o mandato conquistado em 2016, para lançar-se a voo mais alto na administração pública. Considero, a propósito, oportuno reproduzir aqui trecho de artigo estampado neste espaço em 1º de novembro passado: “Falando ainda das eleições em Minas. Embora o fato não tenha sido até aqui, ao que saibamos, objeto de análises mais aprofundadas, este escriba é de parecer que num município da região metropolitana, Betim, ocorreu, certeiramente, o lance mais emblemático do que se pode apontar como demonstração da ardente expectativa comunitária por transformações político-administrativas essenciais. A escolha para Prefeito de um cidadão com a dimensão humanística de Vittorio Medioli, baita empreendedor, soa como algo diferente no cenário. Deverá atrair para aquele município, a partir de janeiro, segundo nossa percepção, atenções especiais da opinião pública e meios políticos.”
Especulação. Em Uberaba, onde um mundão de gente conhece a fundo as manhas, artimanhas e façanhas do parceiro de travessuras do aventureiro transnacional Joesley Batista, vem sendo objeto de especulação nas ruas a hipótese de que as ações de “arapongagem” do tal Ricardo Saud não hajam se limitado apenas às impactantes gravações já vindas a público.
Pergunta da Marildinha. Marildinha, já contei aqui, é uma garota levada da breca, moradora num aglomerado do São Benedito. Antena sempre ligada, vive fazendo perguntas embaraçosas a respeito de coisas de que ouve adulto falar. Indoutrodia, na aula de história, após uma explicação da professora sobre o processo do “impedimento presidencial”, deixou cair a seguinte indagação: “Então, a despreparada Dilma Rousseff foi afastada do cargo pelo Congresso devido à acusação de praticar “pedaladas fiscais”, isso mesmo? Me diz aí: “Dá para comparar pedaladas com essas constantes derrapadas de seu sucessor? Hein?”
Euforia econômica. Marildinha ainda. Vendo na televisão comentaristas econômicos anunciarem, com certa euforia no semblante, os recordes sucessivamente quebrados pela Bolsa de Valores, o resultado superavitário das vendas e compras de produtos no mercado externo e os índices estrondosos de crescimento, mais uma vez, da rede de bancos, a garotinha do São Benedito, esfregando as mãos, esperança desenhada na face, perguntou pro seu Quitito, dono do açougue da rua: – Quer dizer, então, que o papai, o titio e os meus dois irmãos vão ser agora readmitidos nos empregos?
Grama tiririca. Num belo poema sertanejo, de autoria (se a memória não tá a fim de trair) do genial Catulo da Paixão Cearense (“spalla” violonista da Sinfônica poética brasileira), topamos com magistral definição de “sodade” (saudade). E não é que trocando a suave expressão por repugnante palavra do vocabulário político destes tempos, a gente consegue também descrever o mal que vem carregando de aflições a vida brasileira? “Corrupção é como a grama tiririca, / que a gente pode “arrancá”, / “virá” de raiz pro ar, / mas “quá!” / Um fiapo escondido no torrão / “faiz” a peste “vicejá”…
Violação de direitos. Nada traduz melhor os abusos impunemente praticados pelos planos de saúde do que as elevações abruptas e contundentes das faturas mensais “motivadas” por alterações na faixa etária dos usuários. As extorsões procedidas, sob olhares cúmplices da agência reguladora governamental, chegam a alcançar, nos casos dos mais idosos – pasmo dos pasmos! – cem por cento. O Juizado de Pequenas Causas tem dado, com frequência, ganho de causa aos que se insurgem contra essa violação dos direitos humanos e do estatuto dos idosos. Na segunda instância, as decisões têm sido, também, invariavelmente, ratificadas. As sentenças acabam sendo conduzidas, à vista de recursos protelatórios impetrados pelas operadoras, ao exame da Corte judicial superior, que parece não dispor de tempo suficiente para apreciar questão tão relevante para a comunidade. Tamanha morosidade na tramitação dos processos levanta clamor popular mais que justificado.
* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)