Gustavo Hofay

Mais uma vez as drogas, os seus agentes e promotores servem ao governo federal como a um pano de fundo em das suas teatrais demonstrações de como o nosso glorioso país age, com braço forte, seriedade e severidade contra o crime organizado e que tem nas drogas a sua maior fonte de autofinanciamento para a prática de crimes diversos, enquanto defendido por “soldados do tráfico” bem treinados, muito bem remunerados, atrevidamente destemidos e estrategicamente comandados. Acredito, até, já não existir qualquer dúvida de que o tráfico de drogas no Rio de Janeiro seja muito bem financiado por poderosas quadrilhas estrangeiras e que fazem deste gigante pela própria natureza o seu próprio e desafiante quintal, sob o nosso formoso céu, risonho e límpido. Tanques, helicópteros e outros blindados moventes, ao som do mar e à luz do céu profundo, já fazem parte de um arsenal em treinamento de guerra e soldados, muitos até recém saídos dos cueiros, compõem uma situação regida por um ministro comunista que tem, como a fiéis comandados, generais de carreira que lutam pela manutenção da ordem, do progresso e da democracia em nosso país. Ao final de mais esse ato de ciclo temporal e de varonil demonstração de “amor e respeito” a uma considerável parcela da comunidade carioca de muitas glórias no passado e que, sempre e mais, sofre em consequência das ações terroristas provocadas pelos senhores das drogas, algumas eminentes autoridades irão tornar-se alvos de luz, câmeras e microfones para, desavergonhada, galhardamente e da mesma forma que comumente ocorre nessas ocasiões, dizerem que traficantes foram presos, que toneladas de drogas foram apreendidas e a paz tonou (?) a reinar sobre os morros cariocas, territórios do tráfico e fontes de horrores. E o pior: muitos serão os brasileiros que mais uma vez tornarão a acreditar nessas asseveradas declarações e a serem re-reafirmadas de pés juntos e de dedos cruzados, pelas nossas “otoridades”e os seus digníssimos e sempre solícitos assessores. E o gringos, para quem foi especialmente montado todo aquele espetáculo de pirotecnia em verde-oliva, mais uma vez irão zombar do bravo povo brasileiro, para eles tão iludidos e manipulados como aqueles que habitam alguma republiqueta mundo a fora. Governantes eleitos pelo povo querem, agora, transformar-nos em reféns de suas corajosas ações em defesa do sofrido, iludido e manipulável povo deste Brasil varonil-tupiniquim, mostrando-se terríveis repressores de ações do tráfico internacional de drogas, mesmo que isso custe a vida de jovens e inexperientes soldados que procuram agir contra um exército da mais fina malandragem carioca. Medo, perigo constante e onipresente tornaram-se moedas de troca para políticos inescrupulosos e que já dirigem seus focos para as eleições do próximo ano, enquanto mostrando-se zelosos guardiões da segurança, da democracia, da Constituição de 1.988……..! Meu Deus, meu Deus, quanta esterilidade generalizada e que ainda gasta uma fortuna de nossos reais confiados ao governo, nosso fiel(?) depositário. Vivemos em um estado monstro e onde nós, povo, somos peças a serviço de ideologias esclerosadas de governantes que alimentam-se das ilusões que provocam na grande maioria dos seus governados. O dia que grande parcela da nossa população de eleitores, decididamente, assumir-se na honrosa condição de eleitores conscientes e afinados com propósitos reais de governança e progresso de nossa gente, a partir de políticos que de fato sejam cumplices das nossas ideias e ideais democráticos, então daremos reinicio à reconstrução de um país fragmentado, desmontado e mundialmente desmoralizado pela ganância de poder de uma quadrilha que vampirizava o Brasil e os brasileiros. Finalizando, essa grande peça teatral montada e apresentada na linda cidade do Rio de Janeiro é, sim, fruto de uma fecundidade política abissal que atrofia todo um povo e sob o qual os seus inescrupulosos agentes desejam (ou desejava?) ardentemente exercer tutela. As drogas, insisto, tornaram-se em pano de fundo para práticas não menos dolorosas ao simpático e alegre povo carioca. E o Rio de Janeiro continua lindo….!

*Presidente Conselho Deliberativo da Fundação Frei Antonino Puglisi
Uberlândia-MG