Ivan Santos*

É irracional e desproporcional o nível de confusão e divergência na reforma política em tramitação na Câmara dos Deputados neste momento. Como já comentamos neste espaço, a reforma política tão esperada e comentada no Brasil tende a ser mais uma decepção. O tão comentado Distritão já passou a ser Distritão-Misto para eleger os políticos com mandato numa lista organizada pelo partido (reeleição) e os outros aspirantes, através de votos na legenda. Esta forma garante eleição sem fazer força para quem já tem mandato e renovação zero na Câmara dos Representantes do Povo. O tal de Distritão pode ser também denominada de Distrito Light ou Semidistritão, uma geringonça com a marca única do Brasil-Brasileiro ou, simplesmente, uma Baita Ironia Política. Quem acompanha o processo político brasileira sabe que no mundo o modelo eleitoral Distritão só existe no Afeganistão, na Jordânia (um império árabe) e nas Ilhas Pitcairn. O Distritão Misto, se for aprovado, será uma singular criação do gênio político brasileiro e só poderá servir de modelo para algumas ditaduras permanentes ainda existentes no mundo. Ainda não há consenso para votar na Câmara a reforma política e, como já dissemos, continuamos a acreditar que reforma política séria no Brasil só ocorrerá num futuro longínquo, ainda incerto e não previsível. Ou então a matéria ficará para ser regulamentada pelo STF e não pelo Parlamento da República neste momento. Como sabemos, em 2015 o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu às empresas de continuarem a financiar campanhas eleitorais. A atual reforma política começou a ser Discutida no Parlamento com uma finalidade: definir uma forma de financiar campanhas eleitorais. A primeira tentativa foi arrancar, pelo menos, R$ 3,6 bilhões do Tesouro da Viúva para abastecer os Partidos na eleição de 2018. Como a reação da opinião pública foi negativa a este projeto, a tendência é deixar tudo como está para ver como é que fica. Um ministro do STF já previu que sem regulamentação adequada a sociedade corre o risco de ver o crime organizado financiar e eleger alguns candidatos nas próximas eleições. Então, o que está ruim poderá ficar pior. Muito pior.

*Jornalista