Ivan Santos*

De ontem para hoje uma sucessão de fatos inesperados agitaram o cenário político nacional. O mais surpreendente para este modesto escriba foi a decisão do empresário Joesley Batista de enviar à Procuradoria Geral da República um áudio no qual aparecem ele e o diretor da J&F Ricardo Saud a falar coisas com insinuações maldosas ou reais sobre algumas cabeças coroadas da República. Uma espécie de bravata ou tiro no pé. Ao apontar o ex-procurador federal Marcello Miller como autor de em falcatruas, Joesley levantou suspeitas fortes sobre outras deleções e agora o Procurador Geral Rodrigo Janot analisa a possibilidade de anular as deleções premiadas do imprevisível empresário contra o presidente Michel Temer. O acontecido levou políticos acusados por Batista de pratica de malfeitos a proclamam que as gravações feitas pelo empresário foram armações montadas para os incriminar. Joesley Batista, que armou as arapucas agitou o pedaço e despertou as caças. O escândalo repercutiu do Oiapoc ao Chuí e os viventes humanos do Brasil tropical parecem espantados. Em massa os agentes políticos esperam por um desfecho ainda imprevisível, mas, com certeza, sensacional. O procurador Rodrigo Janot disse ontem que as novas descobertas podem ter consequências imprevisíveis, mas uma delas poderá ser a anulação do acordo do Ministério Público com a JBS. O acordo livrou Joesley da cadeia depois de confessar vários crimes escabrosos com desvios maiúsculos de dinheiro público e repasses surpreendentes de valores estratosféricos para políticos e partidos. Uma revelação ficou explícita: os delatores da JBS omitiram crimes para obterem favores na delação premiada. Esta constatação deixou o procurador Janot numa saia justa. Assim é possível que antes de deixar a Procuradoria no dia 17 deste mês, Rodrigo Janot, com base em fatos reais, possa anular a delação premiada dos irmãos Batista e deixar a novela JBS no primeiro capítulo para conduzida pela nova Procuradora Geral da República. Resta-nos hoje uma pergunta: Com tanta agitação, alguém acredita que será possível votar e aprovar mais alguma reforma no Congresso, especialmente a da Previdência?

*Jornalista