Gustavo Hoffay*

As drogas possuem enorme poder de sedução sobre considerável quantidade de jovens e adultos; elas não são “apenas” substâncias que alteram drasticamente o comportamento dos seus usuários mas, de alguma forma, implicam um modo de vida e todo um mundo de paixões que comprometem grande parte da sociedade, com detrimento para a saúde, a educação e a segurança pública. Do cultivo do uso de drogas verifica-se regularmente o surgimento da doença Dependência Química e das suas terríveis consequências, o incremento no número de crimes, acidentes diversos e até dentro de empresas e de modo a aumentar, também, as estatísticas relacionadas a acidentes de trabalho. Instigados por letras de algumas músicas dos gêneros “rock” e “funk”, principalmente, jovens não se restringem ao uso de drogas mas também passam a abster-se da educação formal ou quando não, apresentam dificuldades para estudar e formarem-se num determinado ramo oferecido pelo ensino médio ou superior, o que termina comprometendo sobremaneira a sua profissionalização e por consequência uma considerável parte da sua vida ou mesmo toda ela. O poder emanado das drogas é algo muito complexo; sugere aos seus usuários um modelo de vida que que afeta a sua própria saúde, a de seus amigos e familiares, o seu comportamento não apenas em família mas também na sociedade onde está inserido. Nota-se que quanto mais o jovem deseja tornar-se independente, mais ele se apoia nas muletas químicas produzidas pelos efeitos daquelas substâncias, como que para afirmar-se perante o grupo social a que pertence e ao ponto de difundir, a todos que queiram, uma “filosofia” ou modo de vida absolutamente paralelo aos padrões de convivência sadios e fraternos adotados pela sociedade produtiva. O tema “drogas” tem tornado -se habitual e quase obrigatório em conversas entre adolescentes; não poucos imaginam passar pelo sobressalto de serem descobertos na qualidade de “desconhecedores” do assunto e ao ponto de virem a ser chamados de “caretas” ou “bundões” por alguns dos seus colegas. Ao contrário, quanto mais estiverem enfronhados no assunto, tanto mais prestígio eles adquirem entre a moçada que compartilha com eles aquele hábito inicialmente agradável mas de terríveis consequências futuras. O prazer de participar de tais conversas, fumando ou cheirando as mesmas drogas, torna-se a base de relacionamentos e agrupamentos solidários, ao ponto dos seus membros caracterizarem-se igualmente pelos seus trajes, linguajar e estilo de vida. Tenho acompanhado, abordado com solicitude e respeito jovens que são usuários compulsivos de drogas e de fato desejosos de interromperem tal abominável prática e outros em tratamento em comunidade terapêutica; tenho feito acolhimento e prestado serviço voluntário de prevenção ao uso de drogas em escolas e empresas diversas e em momento algum consigo ser impassível diante de pessoas que sofrem com dependentes químicos ativos, dentro de suas próprias casas ou em sua vizinhança. Qualquer um de nós também pode e deve procurar aliviar um toxicômano ou alcoólatra em seu sofrimento, iniciando por ouvi-lo em seus momentos de sobriedade, reconhecer a sua dignidade como ser humano e, com serenidade, propor que compareça a alguma entidade que presta serviços de atenção e reabilitação a dependentes químicos e ali, paulatinamente, dar início a um processo de positiva mudança em sua vida. Desde que alguém afirme a verdade, dê testemunhos ,desde que queira o bem, desde que combata pela justiça, esse alguém faz muitos inimigos mas prepara também muitos amigos. Ao lado de cada um de nós, outros há que amam a sobriedade, a vida e o bem comum. Volto o meu foco para os jovens e insisto na tese de que a família, a religiosidade, o esporte e a cultura (teatro, danças, artes…)são apenas alguns dos seus mais fortes aliados na prevenção ao uso de drogas, quanto mais em um mundo que insiste em exigir-lhes produtividade e rentabilidade constantes, sucesso econômico acima do amor próprio e rejeição a muito daquilo que não garanta-lhe uma vida baseada na comodidade e no desapego a sentimentos que possam garantir-lhes uma vida mais saudável e feliz. Que mais jovens fiquem aptos a resistir às tentações oferecidas pelo poder das drogas e de seus agentes e passem a ter mais tesão pela vida.

*Presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Frei Antonino Puglisi
Uberlândia-MG