Gustavo Hoffay

A pornografia e a violência física, tão assustadoramente comuns em nosso tempo, vêm servindo para a manutenção da perversidade e de um consequente aumento da criminalidade, ao ponto de considerável parcela da nossa população ter assumido atitudes passivas diante de sucessivos e inúteis apelos de entidades diversas para que, ao menos, reduza-se a produção de material que excite a já efervescente libido juvenil e seja intensificada a fiscalização sobre as vendas de produtos eróticos , visto que essas práticas vêm contribuindo para o aumento de um maldoso comportamento entre pessoas de idades diversas e de ambos os sexos, quanto mais considerando-se a permissividade do governo sobre esse tema e o que, sobremaneira, potencializa a desintegração de valores cultuados ao longo de gerações por famílias inteiras e ainda da própria dignidade humana. Se devemos a diversos meios de comunicação (concessões públicas que, teoricamente, deveriam priorizar ou ter por finalidade informações educativas e culturais) uma maior e sadia aproximação entre homens e mulheres de todo o mundo e o que suscita em muitos a prática da solidariedade, a não poucos desses canais deve-se também a degradação moral de milhões de pessoas/ouvintes, leitores, assistentes e telespectadores. Temporariamente afastado das minhas funções de empregado em uma organização relacionada ao ramo de turismo e eventos em nossa cidade, venho tendo a oportunidade de acompanhar partes de programas vespertinos na televisão que exploram lamentáveis fatos originados a partir de atitudes criminosas e que terminam por entrar em milhares de casas de família, colocando em xeque os valores (presumivelmente) ali cultivados e praticados por pessoas que (também presumivelmente) guardam com casto pudor a integridade moral daquelas instituições. A pornografia e a criminalidade explicitamente expostas em meios de comunicação impressa e eletrônica e muitas vezes de fácil acesso às crianças, mesmo tendo o poder de atiçar os mais baixos instintos e provocar por consequência atos contínuos e contrários à manutenção da dignidade da pessoa humana, ainda causa divergência de opiniões entre aqueles que dedicam-se ao estudo do comportamento humano. Ora! Diante de uma questionável liberalidade e sob qualquer ponto de vista, o uso de drogas, a pornografia e a violência também dali originada terminam por banalizar a sexualidade, perverter as relações humanas, escravizar as pessoas, desatar uniões tidas por estáveis, desintegrar famílias, inspirar atitudes antissociais e desfibrar a têmpera moral da sociedade. Da forma de uma droga, a pornografia e a violência podem gerar dependência crescente, levando pessoas a procurarem continuamente por algo sempre mais excitante e perverso, até o cúmulo de desenvolverem o frenesi do gozo individual. A pornografia e a violência, tão relacionadas ao uso abusivo e constante de drogas, são claras evidências de uma moral permissiva em um país que há décadas perdeu o seu norte e em razão da procura individual de muitos dos seus cidadãos no sentido de atingirem o ápice em termos de satisfação pessoal, da sede pelo lucro, da tolerância permissiva, da incapacidade na criação e na aplicação de leis e ainda da apatia de muitos que indevidamente consideram-se estranhos àqueles fenômenos ou mesmo sentem-se absolutamente incapazes de dar-lhes algum remédio. Quem de nós, pais de família, procura educar os filhos para o reto uso da internet e da TV, considerando que a passividade de muitos ou concessões indevidas poderão tornar-se fontes de graves danos para os nossos filhos? Finalizo propondo um debate sadio e constante entre pais e filhos, a respeito de questões que a esses interessam e as quais, quando não atendidas, terminam por aguçar a sua curiosidade. Dessa forma estariam todos promovendo e incentivando, cada vez mais, os valores éticos e sociais em vista de um sadio desenvolvimento da vida em família.

*Presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Frei Antonino Puglisi
Uberlândia-MG