Há mais de 20 anos no Brasil, em ano-véspera de eleições gerais, um dos assuntos principais na Câmara Federal e no Senado foi “Reforma Política”. Reforma para que a lei eleitoral garantisse a reeleição de quem tem mandato legislativo. A “reforma política” no Brasil nunca foi diferente de arranjos matreiros travestidos de “modernização do processo eleitoral democrático”. Arranjos acertados em rodas de uísque em noites de inverno no Planalto Central. Neste ano a nova “reforma política” marcha sem ouvir o povo que, afinal, pagará a conta de “Festança Eleitoral”. Os deputados que aprovaram na semana passada a criação de um Fundo Público de R$ 3,6 bilhões do Orçamento da República para 2018 para financiar custear as despesas de propaganda eleitoral dos partidos na próxima eleição nacional. Nenhum parlamentar que recebe por ano R$ 15 milhões para financiar festas e “obras para o povo” nas próprias bases eleitorais, aceita desviar um centavo dessa benesse que recebe por ser representante do povo no Parlamento da República. Os partidos, grandes, médios ou pequenos ainda recebem dinheiro de um Fundo Especial de R$ 860 milhões neste ano para custear as despesas de cada legenda durante o ano. O povão, que sofre com falta de dinheiro para manter serviços de saúde e de educação nem imagina que paga caro para manter o arcaico e improdutivo sistema político do País. O povão ainda pensa que a chamada “propaganda política gratuita” dos partidos, no rádio e na televisão, é gratuita mesmo. É nada. As emissoras descontam o preço da divulgação na hora de pagar o imposto de renda. Se o governo deixa de receber esse tributo, com certeza, fica sem o valor5 descontado no caixa do Tesouro e, por via de consequência, com menos dinheiro para financiar programas sociais. Os pontos da “reforma política” aprovados na semana passada numa Comissão Especial” sinalizaram que a prioridade dos deputados é usar dinheiro do povo para financiar a propagada eleitoral e deixar o resto como está para facilitar a reeleição de quem tem mandato. Reforma política no Brasil serve mesmo é para piorar o processo político. Consulta prévia ao povo para promover “reforma política”, nem pensar. Não precisa, porque o povão que paga a conta da farra eleitoral continua a dizer que “não gosta de política”.
*Jornalista