Ivan Santos*

Já comentamos várias vezes que a maioria dos legisladores brasileiros com mandato na Câmara Federal não tem interesse em aprovar mudanças moralizadoras na legislação eleitoral. Hoje é possível compreender que a propalada reforma política em discussão na Câmara Federal tem um objetivo comum: criar um Fundo Partidário turbinado com dinheiro do Tesouro Público para financiar as eleições do ano que vem e garantir facilidades para a reeleição de quem tem mandato legislativo. As discussões prioritárias hoje giram em torno da composição do Fundo já estimado em R$ 6 bilhões para financiar a eleição de candidatos de mais de 35 partidos. As coligações com partidos nanicos que foram criados para negociar vantagens financeiras em causa própria, devem continuar na eleição do ano que vem e, eventuais mudanças, serão insignificantes. Uma mudança provável poderá ser a criação do Distritão Misto: uma modalidade eleitoral para garantir a eleição dos candidatos mais votados no Estado. Esta, se for aprovada, será uma mutreta que criará duas modalidades eleitorais: uma com nomes escolhidos numa lista elaborada pelos caciques dos partidos para garantir a reeleição de quem já tem mandato e outra, a dos que concorrerão livremente. Esta geringonça, se aprovada, entraria em vigor a partir de 2020. Os partidos tradicionais defendem a criação de uma clausula de barreira e o fim das coligações proporcionais para impedir acesso ao Parlamento a partidos nanicos que se formam para atuarem com apoio de legendas maiores. A reforma também poderá produzir mudanças no tempo de televisão para propaganda partidária e garantir espaços só a partidos com representação no Congresso. Outro item em discussão prioritária defende novas regras para divulgar propaganda eleitoral pela Internet. As eventuais mudanças na legislação eleitoral tendem a entrar em vigor a partir de 2020. Para as próximas eleições a mudança prioritária é a criação do Fundo Partidário com dinheiro público (muito dinheiro) para financiar a propaganda eleitoral em 2018. O povo, mais uma vez, pagará a conta de farra eleitoral.

*Jornalista