No jogo político em busca do poder, a estratégia visível cabe aos atacantes e a defesa, aos jogadores que atuam na sombra e se encarregam de corrigir as falhas dos técnicos, atacantes e cartolas. Há poucos dias o governador de São Paulo articulou um ataque para enfraquecer o PMDB, partido do presidente Michel Temer, que nos bastidores trabalha para montar uma chapa forte para disputar a Presidência da República no ano que vem. Esta jogada não interessa ao governador Geraldo Alkmin que também sonha em conquistar o Planalto. O grão-tucano paulista aproveitou uma rara oportunidade para afastar do caminho o que ele considera hoje como empecilho. Trabalhou para que os tucanos paulistas votassem a favor da representação do procurador Janot que pediu que o STF julgasse Temer por corrupção passiva. Talvez influenciado por Alkmin, 11 parlamentares tucanos votaram a favor do prosseguimento do processo contra o presidente. O objetivo fora enfraquecer o PMDB nas articulações para eleger o futuro presidente. O experiente Temer, conhecedor de jogos secretos ou dissimulados, percebeu a jogada tramada no Palácio dos Bandeirantes e se preparou para dar o troco. Ontem, Após ser salvo no plenário da Câmara, Temer foi a São Paulo disposto a colocar uma bomba-relógio no caminho por onde hoje circula o governador paulista e o fez com arte diabólica. Ao se encontrar na Prefeitura Paulistana com o astro João Dória Júnior, para ceder um terreno da União para que o prefeito possa transformar o Campo de Marte em um Parque Ecológico há muitos anos reivindicado pela população, Temer decidiu saudar Dória como líder em projeção para conquistar a Presidência da República. Inflou a vaidade do prefeito e ainda soltou uma mosca-azul para picar-lhe a testa. A intenção foi criar discórdia no Ninho dos Tucanos e embaralhar o projeto presidencial do tucano-mor paulista. A realidade indica que Temer deu o troco a Alkmin, com engenho e arte política. Arte do Tinhoso pra político nenhum botar defeito.
* Jornalista