Este mundo está de “pá virada”, dizia a minha saudosa mãezinha quando espantada diante de alguma recente e tresloucada novidade. E repito aqui aquela sua tão usual expressão, ao discorrer sobre algumas causas do uso de drogas e principalmente por jovens adolescentes que têm dificuldades de adaptar-se por completo a regulares e bruscas mudanças de comportamento impostas pela vida em sociedade. Principalmente aqueles que estão descobrindo-se e descortinando novas etapas de vida, parecem estar mais sensíveis às novidades e exigências contemporâneas; terminam quase sempre atropelando os seus próprios sonhos e projetos e sem perceber tornam-se incapazes, às vezes, de dominar os seus impulsos e controlarem naturais impulsões tão características a outras pessoas da sua mesma faixa etária. Não poucos adolescentes parecem estar cedendo a uma manipulação de massa por meio de grupos que terminam por diminuir a sua liberdade e, ainda, sujeitando-se a influencias sociais e a uma constante pressão da sociedade em termos de produtividade e lucros. Além disso estão os padrões de pensamentos e condutas adotados por algumas empresas que os contratam e até alguns grupos religiosos ou políticos, quando sugestionam -lhes alguns posicionamentos absolutamente estranhos a pessoas da sua idade. Objetos de cobiça econômica em prol de resultados lucrativos e imediatos para as empresas onde trabalham, muitos daqueles jovens que deviam estar dedicando parte do seu tempo aos estudos, ao esporte e à cultura, cada vez mais enxergam-se dependentes de papéis, documentos, exigências administrativas e já pagam taxas e impostos variados, fazem exaustivas testes e entrevistas, preenchem listas intermináveis , ficam sujeitos a longos e complicados regulamentos e por tudo isso sentem-se cada vez mais esmagados. Mas os jovens deveriam adaptar-se às cobranças desde a mais tenra idade, poderiam dizer algumas pessoas. Sim, concordo, mas não de maneira tão esmagadora. Penso ser preciso que pais e mestres levem em conta a aplicação de meios que possam tirar dos ombros de muitos jovens responsabilidades que eles ainda não estão aptos a responder pelas mesmas. Devem ser exigidos diariamente, mas dentro de um contexto de justiça que propicie a todos eles uma integração moderada e adaptável com a capacidade física e intelectual de cada um deles. Infelizmente já presenciei atos de incoerência, de hipocrisia e de rotina formalista que visavam a adaptação de jovens a determinadas tarefas e que revelavam a face maliciosa de seus patrões. Ora! A grande maioria daqueles que trabalham é responsável e passível de receber elogios, mas deve vigiar-se para que não seja tratada de maneira abusiva e desrespeitosa em termos de exigências patronais. Seu maior tesouro é a sua linda juventude, é a capacidade de seguirem em frente, de realizarem seus próprios ideais, porque têm em vista metas dignas e de natureza racional. Nossos jovens têm nobres aspirações e abusar da sua vitalidade para explora-los é crime, além de não raro induzi-los indiretamente ao uso de drogas, pois ainda vivem um fase melindrosa quanto a suportarem cobranças e pressões absolutamente indevidas a pessoas da sua faixa etária. Todo jovem tem virtudes e uma grandeza de alma sem limites; em seu íntimo o que ele deseja é a plenitude das suas aspirações e por mais modestas que essas venham a ser. Mas para oferecer a eles a oportunidade de um crescimento valoroso, antes do mais é preciso respeita-los e reconhece-los como a um digno e respeitável futuro para si e para este país.
Agente Social
Uberlândia-MG