Augusto César foi o deputado que conseguiu a emancipação do município de São Pedro de Uberabinha. Mudou-se para cá, candidatou-se a vereador, foi eleito e escolhido por seus pares como presidente da Casa e nosso primeiro agente executivo, função que corresponde à de prefeito municipal. Na segunda legislatura foi reeleito, mas declinou da honra de ser, de novo, o agente e o escolhido foi João Moreira Ribeiro. Lá pelos meados de setembro de 1895, a Câmara deixou de realizar sessões. O clima político estava tenso. A cidade em polvorosa, era perigoso andar pelas ruas. Os líderes oposicionistas, coronéis Manoel Alves dos Santos, que tinha mágoa do Augusto César, Severiano Rodrigues da Cunha, que não mantinha boas relações com o Juiz, dr. Duarte Pimentel de Ulhoa, e o capitão Pedro Machado Rodrigues da Silveira, entenderam de banir seus desafetos. Agitou-se a cidade. Formou-se um batalhão de voluntários que se uniu à força militar para proteger a ordem. Essa confusão parece estar ligada à prisão do farmacêutico José Teixeira de Sant’Anna, por exercício ilegal da profissão, denúncia de cunho político. A prisão foi impedida por correligionários e familiares do preso, episódio que ficou marcado na História do Município porque algumas mulheres comandadas por Don’Anna, esposa do coronel Carneiro, deram uma surra no Delegado que cumpria o mandado, o tenente José Francisco. Marcada uma sessão para o dia 18 de outubro, quando Augusto César revidaria as agressões, quase ninguém apareceu. Nem o Presidente. Só pingou um ou outro vereador. À hora de abertura da sessão, só havia ele mais o português José Loureiro Bexiga, João Baptista Vieira da Motta, Joaquim Pinto Alves e Domiciano José de Castro. Augusto César assumiu a presidência, como substituto legal, não realizou a sessão por falta de quorum, mas expôs as razões daquela reunião (trechos copiados da Ata): “…a cidade estava tomada por graves acontecimentos desde o começo do mês espalhando o terror e a desolação no seio da população, deixando a ordem pública completamente alterada. Não foi possível à Câmara reunir-se e tomar posição porque vários Vereadores estavam envolvidos. Achando-se a ordem pública restaurada em virtude da presença da força militar, a Câmara precisa reunir-se para levar ao conhecimento do Governo e decidir sobre a atitude de alguns Vereadores. Não havendo número para deliberações, o Presidente limitou-se a apresentar uma moção aguardando-se reunião ordinária para discuti-la e votá-la.” A Moção: “A Câmara Municipal profundamente contristada pelos infaustos acontecimentos que se desenrolaram no território deste Município tendo como intuito a deposição de distintas e honestas autoridades judiciárias e policiais, a violentação e a desonra de donzelas e famílias, o saque em estabelecimentos comerciais, o banimento forçado de prestigiosos cidadãos, em resumo, o massacre geral de uma população honesta e ordeira, lamenta que esses fatos reprováveis tenham como cabeça e principal responsável, o vereador desta Câmara, Cel. Manoel Alves dos Santos e como seus comparsas os Vereadores Cap. Francisco Luiz da Costa e Jacintho Antônio Fernandes. Igualmente contristada, lamenta que esses tristes acontecimentos fossem agitados por quase todos os oficiais da Guarda Nacional e comando superior desta Comarca, que, se bem compenetrassem dos seus deveres deveriam ser os primeiros garantidores da ordem e da paz públicas”. – “Ao concluir a presente Moção, a Câmara Municipal (ilegível) de profunda gratidão para com os defensores da ordem e da moralidade pública, agradece à patriótica atitude assumida pelo denodado militar Tenente José Francisco da Silva, comandante das forças legais, e ao brioso e patriótico Batalhão de Voluntários Civis a atitude heróica e sacrifícios que puseram em contribuição para fazer manter em sua integridade a Lei e a Ordem seriamente ameaçadas por tenebrosos planos daqueles que se haviam conjurado contra o que de mais nobre e de mais sagrado há no seio de uma população.”
A barra esteve pesada. Será que foi assim mesmo, tão violento quanto descreveu nosso valioso vereador? O fato é que não deu em nada a denúncia. (Fontes: Atas da Câmara, Tito Teixeira)
*Jornalista