José Carlos Nunes Barreto*

“Deve ser nosso jeito de sobreviver- Não comendo lixo concreto, mas engolindo esse lixo moral e fingindo que está tudo bem…”Lya Luft
A propósito da proposta de reeleição de duas lideranças, revisito artigo de quatro anos atrás , cobrando dos mesmos, apesar e por causa da pandemia, soluções de gestão harmônicas e inovadoras para nossa cidade. Ainda não decidi se voto na reeleição de Odelmo Leão, e tampouco voto para reitor da UFU, todavia, ambos estão a dever à população da cidade, algumas das sugestões de bom senso e transparência, que fiz neste artigo publicado, que, peço vênia ao leitor amigo , para releitura:
“A UFU e a cidade de Uberlândia fizeram 2 boas escolhas para suas lideranças nos próximos 4 anos: O reitor será Walder Stephen, pós doutor em Engenharia mecânica, especializado em estruturas inteligentes, e diretor da faculdade de engenharia mecânica. E o prefeito será o atual deputado federal e ex ocupante do cargo, Odelmo Leão. Nunca na história, estas duas pirâmides administrativas precisaram tanto, uma da outra, como na atual quadra por que passa o País. Os respectivos PLOAs(Projetos de Lei Orçamentária Anual)apontam respectivamente 1,2 e 2,6 bilhoes de reais para a UFU e a pólis em 2017- sem contar as emendas parlamentares endereçadas às instituições associadas.
Todavia, esta cidade vive como se não soubesse da importância e abrangência do orçamento da UFU. Só para comparar, somente cerca de 60 dos 5500 municípios brasileiros, possuem orçamento maior que este, e o HC atende com 300 milhões /ano, algo como 3 milhões de pessoas/ano, de Uberlândia e do seu entorno expandido, até os grotões do interior do Brasil(todavia a UFU fechou 100 leitos do mesmo durante a pandemia, e, por isso é alvo de inquérito em processo do MP)). Apesar de 80% do orçamento da universidade, ser destinado a pagamento de salários e aposentadorias, esta massa de recursos fica na cidade e região, irrigando uma miríade de cadeias de valor. Os 20 por cento restantes, somados às emendas parlamentares, e projetos tipo CNPQ mais parcerias com empresas privadas, além do custeio, podem chegar a 100 milhões por ano em investimentos em solo uberlandense.
Quanto ao PLOA do município, as obras do DEMAE( houve desvios de vultosos recursos destinados ao saneamento,que foram alvo de processo na câmara e no MP) e de corredores BRT advindas do BNDES, podem deixar outros 200 milhões /ano na cidade, mas isso é pouco ante tantas demandas já estabelecidas, e espera-se projetos com aporte de recursos, que nos ajudem com a inovação e criatividade, que só a academia supra citada pode proporcionar, haja vista seu corpo técnico de excelência reconhecida no mundo.(Não há transparência no uso de dinheiro público por parte destas administrações, principalmente do município, e, ao meu ver, deveriam prestar contas em conjunto à sociedade, com um balanço do que foi enviado, e onde e como foi gasto!!!)
Sugiro então um dos projetos : a UFU poderia ensinar às populações, o correto manejo do lixo industrial e urbano em conjunto com o município(somos o maior centro logístico do País, e dezenas de milhares de resíduos são gerados por aqui, sendo que ao redor de 10 por cento deles são perigosos e deletérios à vida), e campanhas publicitárias se fazem necessárias,( no município, as mesmas só são feitas como propaganda política de reeleição do atual mandatário, e não visando à formação e educação do povo) além de competentes projetos. Por exemplo o uso do biometano advindo do lixo( uma de nossas chagas sociais) ,que já é usado em grandes megalópoles como Paris, através de tecnologia de engenharia já consolidada. Poderíamos mandar missão conjunta prefeitura –UFU visitar um benchmarking aqui no Brasil- A superintendência de Energias Renováveis de Itaipú, que gera do biometano, mais meia Itaipu, com segurança e espírito público, atendendo pequenos negócios e sítios no entorno da estatal, uma aula de engenharia social e cidadania, no interior do Paraná…
Finalizando: como dois vizinhos que mal se conhecem, a UFU e a cidade, as vezes falam mal um do outro: Ela é uma torre de marfim, diz a cidade; se deixar, eles ferem a autonomia universitária, e vão querer mandar aqui dentro, diz nossa principal academia. O fato é que, a sociedade precisa que estes dois líderes recém eleitos, harmonizem estes patrimônios de nosso ethos acadêmico-urbano-industrial, em benefício de Uberlândia e região, e ,por que não dizer do Brasil?”
Infelizmente, com a pandemia, se mascarou muitos graves problemas de gestão, e o dinheiro público foi gasto sem a devida parcimônia, e bom senso, principalmente no município, onde se apostou na morte como política pública.

*Pós- doutor e sócio da DEBATEF Consultoria