Gustavo Hoffay*

Um período pré-eleitoral se aproxima e todos nós já devemos elevar as mãos para o céu antes mesmo de escolhermos em quem iremos votar. E o motivo é muito simples: acabou a mamata de candidatos economicamente poderosos sobre aqueles que, antes, não tinham como competir em igualdade de condições e por não disporem de condições financeiras para tal. Enquanto alguns candidatos esparramavam “oudoors” pelas principais ruas,avenidas e praças de cidades diversas, os menos economicamente aquinhoados tinham de satisfazer-se com os “santinhos” e alguns adesivos distribuídos pela coligação partidária a qual estava filiado o seu partido, para fazerem anunciar a sua candidatura. Quem já estava pensando em lucrar com o “aluguel” de muros de lotes e imóveis diversos para propagandas eleitorais, já pode ir “tirando o cavalinho da chuva”; neste ano esse tipo de propaganda está terminantemente proibida. Foi também decretado o fim daquele festival de cartazes pendurados em árvores,postes e praças públicas e o que, convenhamos, saturava a nossa paciência e enquanto provocava uma poluição visual absolutamente inútil . E quem não se irritava com aqueles carros equipados com alto-falantes e que pouco faltavam arrancar a tampa da nossa cabeça e principalmente nos momentos que mais precisávamos descansar? Pois também estão proibidos! É certo que existem outras proibições e limitações em relação à propaganda política neste corrente ano e cabe a nós comemorá-las e ficarmos na torcida para que as mesmas prevaleçam em todas as eleições vindouras. Havemos todos de convir que já não são tantos os eleitores que deixam-se influenciar por antigos artifícios eleitoreiros e os quais, ficou tantas vezes provado, jamais foram transformados em ações que de alguma outra forma auxiliassem a vida de muitos em comunidades diversas. Foi o tempo em que o eleitor vendia o seu voto em troca de dentaduras e pares de botina, cestas básicas ou um saco de cimento e um milhar de tijolos. Esse tempo já passou e os candidatos de agora têm de usar de outras e inteligentes estratégias de marketing, para arrebanharem o maior número possível de votos. Além do que, aqui mesmo em Uberlândia, ainda temos de lambuja uma lista de ex-vereadores que serve de exemplo a quem imagina estar na aparência ou em discursos enganosos e totalmente ilusórios a certeza de uma boa escolha para o nosso precioso voto. E como deve ter sido fácil e rápido ao Tribunal Superior Eleitoral, chegar a um consenso tão inteligente sobre algumas burras e absurdas concessões que sobreviveram ao longo de tanto tempo e enquanto, principalmente, favorecendo velhas raposas políticas e candidatos que eram, de fato, “donos” de currais eleitorais em sertões e grotas tupiniquins, do Oiapoque ao Chuí. Aumenta-se portanto a chance de que, doravante, impere a razão sobre a emoção e os resultados das urnas chegue o mais próximo possível do que deve ser definido por consciências convictas do ideal comunitário. Afinal a dignidade de um povo, a promoção da vida e o bem-estar de uma comunidade, aliados ao respeito, à valorização da família e enquanto ouve-se vozes clamando pela defesa de marginalizados e fragilizados não é algo a ser disposto em mãos de aventureiros que saem das sombras em época de eleições e fanfarreiam tresloucadamente como em uma passarela, confiantes e ousando abusarem da dignidade de eleitores diversos, manipulando e omitindo informações em proveito único da vitória nas urnas. Voto é muito mais que a indicação de um candidato a algum cargo eletivo; é uma procuração pela qual indicamos alguém da nossa confiança, para a efetivação de ações em prol de uma vida melhor em comunidade; é o fundamento de muito da nossa esperança e filho genuíno da nossa razão.

*Agente Social – Uberlândia – MG