Antônio Pereira da Silva*

Havia, nos fundos do antigo Fórum, que ficava na praça Tubal Vilela, onde está o prédio da Superintendência Regional da Fazenda – Paranaíba, um cafezinho onde os advogados, nos intervalos das audiências, descontraíam-se conversando e comentando os fatos corriqueiros da vida.
Certa feita, aí pelos fins dos anos 50 do século passado, Homero Santos, Jacy de Assis, Cyro de Castro Almeida e outros levantaram a idéia de se criar uma Faculdade de Direito em Uberlândia. A bem da verdade, a ideia brotou da cabeça do Homero, que desde princípios da década escrevia artigos na imprensa local sobre a necessidade e a possibilidade de ensino superior em nossa cidade.
Jacy de Assis entusiasmou-se com a ideia.
Foi aberta uma subscrição popular cujos primeiros assinantes foram o próprio Jacy, Homero, Cyro, Oswaldo de Freitas e Renato de Freitas que ainda não era advogado.
Jacy, Secretário do Diretório local da UDN, tomou da lista e saiu pela cidade. Foi ao Toninho Rezende, líder pessedista, certo de que a diferença política não impediria a sua participação. Bom que se esclareça que a doação mínima era de 50 mil cruzeiros, isso em 1959. Bom também que se diga que as relações entre UDN e PSD, reviviam a briga de cão e gato dos velhos coió e cocão.
Toninho assinou, mas chamou Jacy num canto:
– Olha, é muito bonito isso. Eu não negaria mesmo; mas vou te dar um conselho: renuncia ao seu cargo na UDN pelo menos enquanto você estiver correndo a lista.
Jacy foi ao José Zacharias Junqueira, Presidente da UDN.
– O Toninho tá certo. Isso poderia prejudicar o levantamento da verba. Você continua udenista, mas deixa o cargo. Depois você volta.
E assim Jacy de Assis deixou o cargo e rodou com a lista.
No Fórum fundou-se a Escola e a Instituição Uberlandense de Ensino criada para organizar e realizar a obra cultural que a cidade estava precisando.
Foi eleito Presidente da Instituição, Antônio Luiz Bastos, Vice Messias Pedreiro, Tesoureiro Cyro Avelino Franco e Secretário Cyro de Castro Almeida.
Conseguida, por Rondon Pacheco, uma audiência com o Presidente do Conselho Superior de Ensino, Jurandyr Loddi, lá foi Jacy de Assis e comitiva pleitear a autorização. Loddi negou-a veementemente sob a alegação de que já havia duas Escolas de Direito na região: uma em Goiânia e outra em Uberaba.
O grupo não desanimou e voltou ao Conselho algumas vezes. Numa dessas ocasiões, Loddi tinha acabado de receber a visita de outra comitiva de Uberlândia que queria uma Escola de Engenharia. Que foi negada também, porém esta, de Engenharia, era bem vista pelo Presidente do Conselho. Loddi acabou concordando com Jacy sob uma condição: que Rondon Pacheco conseguisse também a criação da Escola de Engenharia, o que foi feito através de inserção de emenda num Projeto que tramitava na Câmara Federal criando Escolas Agrícolas em Bambuí e em Cuiabá. A Faculdade de Direito foi autorizada no dia 2 de fevereiro de 1960 e a de Engenharia foi criada pela Lei 3864, de 24 de janeiro de 1961 que criou também as Escolas Agrícolas.
Em novembro de 1961, Jacy de Assis, já Diretor da Escola, solicitou o seu reconhecimento, cujo Parecer foi assinado pelo Ministro Clóvis Salgado, por José Barreto Filho, D. Hélder Câmara e F. J. Maffei, aprovado em agosto de 1963 e confirmado por Decreto de 14 de novembro do mesmo ano.
A Faculdade de Direito funcionou na rua Duque de Caxias, onde foi a residência do dr. Jacy de Assis que a cedeu para tanto. (Fontes: dr. Jacy de Assis e “A UFU no Imaginário Popular”).

*Jornalista e escritor