Gustavo Hoffay*

As limitações impostas pela pandemia “Coronavirus” estão causando uma grande convulsão social e a reboque uma confusão mental, é o que assisto e sinto na maioria das pessoas com quem convivo diária ou ocasionalmente, além de controvérsias e dúvidas diversas àquele respeito. Assim a grande maioria da população se vê enquadrada em uma situação de ferro, caótica: não pode trabalhar, não pode circular e bancos, supermercados e comércio em geral, além do transporte coletivo urbano estarem impossibilitados de manter uma dinâmica ao menos próxima do que é considerado razoável, saudável e necessário para uma vida em comunidade. Sequer alguns dos serviços públicos considerados essenciais estão excluídos do pandemônio de tal pandemia. Resta-nos nada mais que lamentos, preocupações, vigílias e cuidados além, claro, de rezas e orações enquanto aguardamos pelo fim da travessia por um deserto entremeado de atos incertos e dúvidas atrozes. Confiante em um final feliz, embora desconhecendo quando e como isso ocorrerá eu temo, sim, pela falta de um auto-controle a partir da necessidade de observarmos atentamente os nossos próprios impulsos e de termos uma boa administração dos nossos estoques de humildade e aceitação; algo que coloca-se quase que totalmente inusitado para muitos dessa atual geração, mas que serve-nos de objeto para consideráveis reflexões e considerando-se o quanto, antes, valia-nos de um estúpido egocentrismo. Ações e declarações de quem aproveita-se do atual momento para tentar obter vantagens políticas, representam um grande e gravíssimo passo rumo a uma desordem constitucional e um sinal eloqüente de insensibilidade humanitária nas áreas da saúde e de assistência social. Abalizadas vozes de algumas das nossas autoridades devem ser escutadas e seus ensinamentos devem servir como a um apelo no sentido de serem atendidas para uma busca por soluções justas e pacíficas. Discussões e acusações fomentadas por interesses políticos devem ser tomadas como a algo artificial, infrutífero e, portanto, necessitado de desaparecer enquanto já vivemos situações, por si mesmas, angustiosas. No atual estado de coisas é utópico pensar ou fazer outra coisa que não seja a prevenção, principalmente no que concerne à quarentena que devemos guardar, respeitar e incentivar. Uma histórica unidade de interesses políticos torna-se tão evidente que sequer ouvidos devemos dar a quem deseja descontrolar planos e organizações e tirar proveito próprio da atual e dramática situação. Espero que diferenças sócio-políticas-religiosas atualmente vigentes no nosso país sejam ao menos temporariamente abolidas e a nós, povo, sejam oferecidas medidas oficiais que garantam-nos um saudável retorno ao regular cotidiano de outrora. Que a população siga imparcialmente o exercício da disciplina e dos cuidados impostos pelo governo é o que importa-nos, de maneira a evitarmos terríveis e trágicas conseqüências. Se órgãos públicos dispõem de “gabinetes de crise”, que nós, povo, tenhamos particularmente nesse momento um mínimo de bom senso para a promoção da paz, da aceitação e da humildade. Contra o coronavírus que mantenhamos a ordem, sejamos atentos e participativos com relação àquilo que é de interesse coletivo, sejamos justos e fraternos e francamente favoráveis à vida; façamos história recusando a desordem e sendo responsáveis enquanto ajudados pelas nossas liberdade e responsabilidade. É momento de (mais uma vez) a humanidade demonstrar que para vencer um inimigo, nada melhor que a aplicação do amor, da disciplina e da serenidade, enquanto na vigilância da nossa conduta e da nossa fé.

*Agente Social