Ivan Santos*

A prometida Reforma Administrativa, considerada por especialistas em administração pública como indispensável neste momento, não será mais nem discutida neste ano. O governo, que não tem base de apoio no Congresso, percebeu que não tem apoio político para aprovar uma reforma digna do nome. Por falta de apoio, e por causa das eleições municipais marcadas para outubro próximo, o Governo vai manter o projeto de Reforma Administrativa engavetado por tempo futuro indeterminado. A reforma mexeria com a obesa estrutura do funcionalismo público e criaria dificuldades políticas para o governo do Mito que, neste momento, tem uma prioridade em foco: a reeleição em 2022.
Como os governos passados, por causa do desejo de manter-se no poder, o Mito Liberal não quer se desgastar com os servidores públicos que são influentes em qualquer eleição. Por isto fica o planejado nas solenes intenções declaradas no começo do governo. Sem a reforma administrativa as despesas do Governo continuarão altas por causa de uma estrutura montada no passado por politiqueiros da politicagem e da politicalha e isto atrapalha uma reforma tributária moderna para desonerar a produção. Uma reforma tributária com a máquina governamental obesa, não poderá cortar gorduras porque as despesas discricionárias continuarão altas. Então, o governo da nova política, a cada dia que passa, assume a personalidade e a feição da velha política e as reformas prometidas vão todas para o arquivo do Planalto e lá ficarão a espera de outro astro iluminado ou estrela que prometa novos tempos que alimentem ilusões.
A Reforma Tributária, aos poucos, está a ser substituída por uma simplificação da cobrança de impostos reunidos numa só sigla que não altere o peso da carga tributária. Mesmo assim o governo sinaliza a intenção de criar novos impostos, taxas e contribuições. Os salários dos servidores poderão ser congelados e reativada a inflação de 4% para 6% (aumento de 50%) para ajudar o governo a controlar a dívida pública. Não há, até agora, nenhum projeto para reativar a produção industrial a fim de gerar novos empregos e renda. Assim crescem o trabalho informal, a concentração da renda e a miséria.

*Jornalista