Ivan Santos*

A Nova Política, até o momento, não se mostrou muito diferente da Velha em alguns setores. Quando assumiu o Ministério da Economia, Paulo Guedes, um experiente executivo do mercado financeiro, prometeu combater o patrimonialismo ainda existente no processo político nacional e impor uma administração baseada no liberalismo com a destruição de todo o arcabouço do estado em favor de elites privilegiadas. Foi uma fala recebida como positiva por gregos, troianos e baianos. Paulo Guedes citou como exemplo os privilégios recebidos pelo sindicalismo. Até chegou a dizer que era preciso “meter uma faca no Sistema S que recolhe por ano mais de R$ 60 bilhões de contribuições de empresas e parte deste dinheiro serve para financiar mordomias de grupos privilegiados.
Na semana passada, o presidente da República foi a São Paulo e se reunião com diretores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, entidade que administra uma das organizações do Sistema S, justamente a mais rica do País. Foi uma conversa privada, regada por rico convescote oferecido pelos barões do sindicalismo patronal. Os anfitriões não pouparam elogios e manifestações de apoio ao presidente que já se declarou candidato à reeleição em 2022. Ninguém se lembrou que Paulo Guedes, antes de assumir o Ministério, disse no Rio de Janeiro que o Brasil era um país rico, mas que tinha se transformado num paraíso de burocratas e de piratas privados. Prometeu desmantelar esse esquema.
Não foi o que o Presidente acertou com o comando da Fiesp. Lá a conversa foi no estilo da Velha Política: O presidente decidiu não mudar o Sistema S. Só os sindicatos dos trabalhadores perderam a contribuição sindical, empobreceram e se tornaram inofensivos por falta de recursos. O Sistema S, comandado pelos sindicatos patronais, continuará intacto, a menos que o presidente decida em contrário. Pelo que ocorreu na reunião da Fiesp, a Velha Política vai continuar em benefício do Sistema S controlado pelos sindicatos patronais. Como dantes.
*Jornalista