Ivan Santos*

Começou em Davos, na Suíça, o Fórum Econômico Mundial com a presença dos principais chefes de Estado e de Governo do mundo. Neste ano o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não foi . Mas, por quê não foi? A explicação é que o presidente preferiu cuidar pessoalmente de assuntos de interesse nacional. Para alguns observadores independentes a razão principal foi a pauta do Fórum neste ano. O tema central dos debates é o meio-ambiente. Os líderes mundiais estão preocupados com as políticas que não privilegiam a proteção do meio-ambiente e podem optar por pesadas sanções contra países que não se esforçam para controlar queimadas e não controlam desmatamentos. Outro tema em destaque são proposições que mudem o capitalismo para privilegiar maior distribuição da renda. Estes temas, aparentemente, não são prioritários no governo do capitão-mito Bolsonaro. Logo, ele foi prudente ao decidir não aparecer em Davos para não se transformar em alvo presente de críticas e contendas.
A preocupação com o meio ambiente é tão forte no Fórum, neste ano, que o Encontro passou a ser denominado pela imprensa Europeia como “Fórum Davos Verde”. Estão presentes representantes de 51 países que discutem prioritariamente políticas sobre ecologia, desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e apenas 20% sobre economia. Essas pautas podem não terem interessado ao capitão-mito que governa o Brasil com uma nova política.
No plano interno, a realidade política na qual o governo do capitão está inserido não é risonha nem franca. Hoje, depois que deixou o PSL, o Presidente não conta nem com 30 deputados na Base de Apoio ao Governo na Câmara. Bolso não tem apoio político para aprovar reformas indispensáveis ao retorno do crescimento econômico. A Reforma da Previdência foi aprovada graças à articulação competente do ex-deputado federal, Rogério Marinho, Secretário da Previdência e da boa-vontade do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Marinho, não tem mais a simpatia do influente vereador Carlos Bolsonaro e foi jogado numa geladeira. As pautas do governo são de costumes ou em defesa de uma direita retrógrada. Ninguém até agora conhece as propostas do Trono para a Administração nem para o Sistema Tributário. O governo de Bolso continua um enigma e privilegia o controle das contas públicas. Espalha muita esperança e mostra pouca realização em benefício do crescimento econômico sustentado. A esperança poderá ser a próxima vítima.

*Jornalista