Antônio Pereira da Silva*

Faz muito tempo.
Em 1978, o Prefeito Municipal Virgílio Galássi nomeou uma Comissão de Carnaval apolítica, embora pouco técnica. Os membros da Comissão foram indicados pelos órgãos de Imprensa e a direção dos trabalhos foi mantida com a Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo.
Como sempre, o Praia Clube, que não depende de verbas extras, cuidou antecipadamente da sua festa. Decorou o salão, vendeu todas as mesas, contratou boa orquestra (“Edson e Seu Conjunto”) e sustentou, nas vésperas, uma expectativa de sucesso entre os foliões e a imprensa. O Presidente era o empresário Waltercides Borges de Sá.
Pelo contrário, as expectativas em torno do Carnaval de rua não eram as melhores. Os jornais registraram que a ornamentação era de mau gosto. Publicaram, com estranheza, que a Prefeitura “contratara” seis Escolas de Samba, mas, acrescentaram que, mesmo assim, o Carnaval não prometia mais do que apresentara no ano passado. Quente mesmo, seria o Praia Clube, diziam.
A Comissão de Carnaval, entretanto, trabalhou bastante e afirmava que a folia de rua receberia total apoio da Prefeitura – em nível de “Uberlândia 90”.
O Carnaval das Escolas, entretanto, acabou sendo pior do que as notícias previam.
O que se viu na avenida Afonso Pena foi a paciência inesgotável do público que esperou as Escolas atrasadas e suportou, quando elas chegaram, pequenos grupos com insuficiência de integrantes. A Imperiais do Samba atrasou duas horas e foi desclassificada. No entanto, todas receberam as subvenções.
Quem ganhou o desfile foi a campeoníssima Garotos do Samba que somou 129 pontos dados pela Comissão Julgadora. Recebeu a Taça TV-Triângulo, o Troféu Euler Lanes Bernardes e mais dez mil cruzeiros.
Em segundo lugar chegou a Unidos do Capela, com 128 pontos, encostada na campeã. Recebeu a Taça Loja das Bandeiras, mais oito mil cruzeiros.
Em terceiro veio a Tabajaras, com 109 pontos. O General Lotinho recebeu com humildade a classificação. Achou-a justa. Recebeu a Taça Irmãos Garcia, mais seis mil cruzeiros.
A Pavão Dourado chegou em quarto, recebeu a Taça Oesteval Metropolitana, mias cinco mil cruzeiros e, por fim, a Imperiais do Samba que, embora desclassificada, recebeu a Taça Esportes Imperial mais três mil cruzeiros.
Além dos atrasos, o público ainda suportou a chuvarada que despencou na hora do desfile.
Curiosa foi a nota que a Polícia Militar divulgou logo em seguida ao Carnaval. Dizia que a festa tinha sido tranquila. Só prenderam oitenta pessoas, entre as quais, quinze sambistas da campeã Garotos do Samba por embriaguez e desordens.
Coisas da vitória…
Já no Praia Clube, como era esperado, o sucesso foi absoluto. Talvez tenha sido o maior Carnaval Praiano daqueles anos. Brincaram praticamente todos os sócios e suas famílias. (Fonte: Jornais da época, História do Carnaval de Uberlândia (Antônio Pereira da Silva).

Jornalista e escritr – apis.silva@terra.com.br