Ivan Santos*

Um velho ditado chinês atribuído ao lendário pensador Confúcio, ensina que “quando a necessidade entra pela porta e permanece na casa, o amor se despede e foge pela janela”. Este axioma serve para explicar a confusão que hoje está instalada nas duas Casas do Congresso Nacional onde vários parlamentares já se declaram cansados de esperar que o governo pague o dinheiro das Emendas Parlamentares que prometeu a quem votou a favor da Reforma da Previdência. Os estrategistas do Trono, que prometeram a bondade, seguem caldos porque só podem cumprir o que prometeram se houver dinheiro disponível. A preocupação do comandante, hoje, é criar novo partido com a cara e a feição dele próprio para disputar a reeleição em 2022.
Na passada quarta-feira o deputado Pompeo de Mattos, do PDT do Rio Grande do Sul, que assistia à insatisfação de alguns colegas dele, foi irônico num pronunciamento e perguntou: “Esta é a nova política do toma lá, dá cá sem pagar?” Virando-se para a plateia bateu sem dó nem piedade: “Vocês traíram o povo e ainda estão cobrando pela votação vergonhosa?”
Entre os insatisfeitos há uma disposição nada oculta: Não votar projetos de interesse do Governo enquanto o Trono não pagar o dinheiro prometido pela aprovação da Reforma da Previdência. Mau sinal para as pretendidas reformas Administrativa e Tributária. O cachê deve subir mais no Ano Eleitoral. Também nos bastidores correm comentários silenciosos que garantem que muitos dos deputados novatos eleitos por partidos pequenos esperam por uma oferta generosa para se transferirem-no ano que vem para a nova legenda Aliança para o Brasil, em organização pelo Capitão-Mito que governa a República. Afinal, o estilo da “nova política” é declarado à luz do sol para que ninguém ignore que os fins justificam os meios. No teatro da “nova política” nenhum ator dá ponto sem nó.

*Jornalista