Marília Alves Cunha*

Quase não tenho lido jornais ou visto noticiários de TV. Evito. Tem notícia ruim demais e escassez das que possam provocar um sorriso, ou pelo menos a sensação de que nada está perdido, tudo pode melhorar. Dia desses, no entanto, resolvi assistir o JN. Não é possível a uma pessoa que sempre acompanhou de perto os acontecimentos nacionais, sejam políticos ou não, se afundar para dentro de sí mesma, como se isto bastasse para diminuir o impacto das más notícias sobre a sua vida e a de outros…
Neste dia o JN não falou de Bolsonaro, como que por milagre. Parece que transferiram a tarefa para o condenado que, solto, começa cedo a vociferar vitupérios e impropriedades. O discurso de perseguido político perdeu a razão de ser, resta incitar a violência e recuperar o tempo perdido, quando com toda justiça, pagou parte da pena em acomodações da policia federal.
Bem, vamos às notícias. O óleo criminoso que invade as praias brasileiras, que brotou no mar, ninguém sabe, ninguém viu, chega ao Espírito Santo, nos principais pontos de desova das tartarugas. Sofre a flora e a fauna marítima com este monumental desastre ambiental. Sofrem também os pescadores que ficam impedidos de exercer seu ofício. Logo após, da tela salta a Avenida 25 de Março, um dos principais pontos de comércio popular em São Paulo. O que se vê é inacreditável! Bando de ladrões invade a rua e aproveitando-se do movimento, assalta os passantes. Homens, mulheres, velhos, moços, todos são abordados indiscriminadamente. Quem tenta reagir leva socos e tabefes e fica a olhar o vazio com ar de resignação. E o bando de pilantras, que pratica os famosos furtos de oportunidade, se esgueira pela multidão, de olho nas próximas vítimas. E ainda na capital paulista, desaba a marquise de um prédio matando um rapaz. E desaba também um viaduto, sem vítimas, por puro milagre. E lembram-se da “chuva negra”, que no mês de agosto espantou os paulistas? Pois é! A Agência Nacional de Águas verificou que aquele fenômeno (mistura de poluição com chuva) tem poluentes prejudiciais à saúde muito acima do normal. Comento eu: como escapar disto, como se abrigar do ar, da água, de tudo? O país está desabando ao peso da indiferença, da irresponsabilidade, da injustiça?
E o tempo é chuvoso, benéfico á proliferação daquele mosquitinho que tem nome pomposo e que, apesar de tão pequeno e de aparência inofensiva, ataca a população todos os anos, provocando doenças gravíssimas. Muitas pesquisas feitas no Brasil em várias frentes, para combater o mosquito. Digo eu: falta de civilização, doença de 3º mundo. Se todos cuidassem de seu pedaço, inclusive as prefeituras e órgãos públicos, esta praga seria eliminada. Antes de tudo é preciso educação, saneamento básico, cuidados preventivos tem em vista a eliminação dos focos e a saúde da população.
A última notícia do JN vem do Ministro Dias Toffoli, que não se cansa de protagonizar… O ilustre senhor insiste na intimação ao Banco Central, para que envie ao Supremo todos os relatórios produzidos pelo Coaf. Antes o Ministro já havia suspendido inquéritos abertos com base em dados destes relatórios, causando surpresa inclusive em agências internacionais. Julga-se que pelo menos 700 investigações foram paralisadas, causando um grande impacto em processos correntes na justiça. Penso eu: querem me fazer crer que estes dados serão apenas acautelados no Supremo… Acredito não! Acho muito grave quebrar o sigilo de 600.000 pessoas físicas e jurídicas, simplesmente como uma medida cautelar. Quem me provará o contrário?
Bem, o JN chegou ao fim… Fiquei também um tanto quanto acabada. Impressão desgastante que o Brasil, apesar de ter pouco mais de 500 anos, ainda menino, esteja num processo de degradação tanto nos aspectos físicos, como nos morais e sociais. Envelhece prematuramente. Chegamos ao cúmulo de assistir um ex-presidente apregoando que trata-se de um absurdo prender uma pobre “vítima da sociedade”, só pelo fato de ter roubado um celular, como se assaltar e roubar precisasse se tornar um atividade comum e natural na nossa tão carcomida e sofrida sociedade.Putz! Fica difícil não perder a fé!

*Educadora – Uberlândia – MG