Ivan Santos*

O processo político no Brasil nunca apareceu tão esquisito como agora. De um lado o chefe da “nova política” detona o partido que lhe deu a legenda para eleger-se no ano passado e despreza a metade dos 53 deputados que lhe são fiéis. Sua excelência também não deu um passo no primeiro ano do mandato para organizar uma base de apoio no Congresso para viabilizar os projetos que tem em mente.
Na outra extremidade, a oposição capitaneada pelo PT se manteve calada no Congresso e nas bases estaduais e municipais sem eira nem beira no jogo do poder político. Inesperadamente, nos últimos dias, o condenado líder do PT foi solto do presidio onde estava confinado em Curitiba fez dois pronunciamentos com a clara intenção de unir os partidos de esquerda para disputar espaços nas bases municipais nas próximas eleições e assim se preparar a emasculada oposição para as eleições municipais no ano que vem. Enquanto a oposição prepara-se para sair da imobilidade, o chefe da “nova política” capricha em polêmicas que desunem e criam adversários. Assim, o Capitão-Mito que se prepara para fundar novo partido para disputar as próximas eleições, corre o risco de ser abandonado na hora da precisão.

Por que o Capitão-Mito decidiu abandonar o PSL a menos de um ano das eleições municipais, Freud não explica nem a lógica tradicional. O deslumbrado Capitão-Mito poderá errar nos cálculos e deixar o campo aberto para a hoje debilitada oposição, se fortalecer e se capacitar para a guerra total em 2022.
Para alguns atores políticos experientes, se o Capitão-Mito não cuidar de articular uma ação política realista e de alta qualidade no Congresso, o Pacote de Propostas para modernizar a produção econômica poderá ser deformado no Congresso por falta de articulação política.

*Jornalista