Ivan Santos*

O comandante em chefe da “nova política”, capitão reformado Jair Messias Bolsonaro, é realmente original, imprevisível e surpreendente. A um ano das eleições municipais o capitão anunciou publicamente que vai deixar o partido pelo qual se elegeu presidente da República, ficará um certo tempo sem filiação política e tenciona construir nova legenda para disputar a reeleição em 2022. Até hoje o capitão navegou como quis no processo político, pintou e bordou, rachou ao meio o próprio partido e não teve oposição. No momento em que o líder da esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva ganha o direito de sair da cadeia onde cumpria pena em regime fechado e se movimenta para organizar a oposição contra o governo, o comandante da “nova política” anuncia que vai ficar sem partido e criar outro só para ele, os filhos e os amigos. Isto é diferente do que sempre ocorreu no Brasil em matéria de política. O capitão terá pouco tempo para organizar nova legenda e prepara-la para conquistar espaços políticos nos municípios.

No passado os políticos consideravam as bases municipais como sustentáculos numa eleição majoritária nacional. Hoje, a impressão que se tem é que os atores da “nova política” não confiam nas bases eleitorais tradicionais. Confiam no trabalho de aliciamento com emoção e encantamento via redes sociais na internet. A política moderna ainda não foi assimilada por dinossauros.

O capitão comandante da “nova política” desafia a lógica da política tradicional a ponto de desprezar o Partido pelo qual se elegeu e decide criar nova legenda sem filosofia, sem programa definido, unicamente de olho num eventual Fundo Eleitoral que ele próprio possa administrar. Parece que o capitão acredita que quem tem a força e o poder atrai apoio de todos os lados para influir politicamente no tempo e no espaço onde e como quiser. O poder é encantador, porém fugaz. Parece que o Mito ainda não percebeu esta constatação secular.

Experientes astros e estrelas da constelação política nacional já mandaram recados ao capitão: toda politicagem fenece diante de uma economia ineficiente e excludente. Vide Argentina e Chile. Até 2022 tem muito chão para percorrer. Remendos na economia não servem de fatiota para vestir desempregados nem para consolar aflitos. Quem avisa amigo é.

*Jornalista