Ivan Santos*

Com determinação e coragem o ministro da Economia enviou ao Senado três projetos de Emendas Constitucionais (PECs) com a intenção de impor um modelo liberal na Economia e começar a afastar o Estado de atividades que a iniciativa privada pode conduzir melhor. São reformas há muito tempo reivindicadas pelo setor produtor de bens econômicos e serviços e prometidas pelo candidato Bolsonaro na campanha eleitoral do ano passado. O mercado gostou do anúncio e espera por empenho do presidente da República para aprovar as proposições liberais. O presidente, que foi pessoalmente levar o Pacote de Reformas ao Senado, simplesmente não revelou até agora uma clara intenção de apoiar as reformas. Parece indiferente aos projetos.
O presidente Bolsonaro não tem uma base de apoio ao governo no Senado nem na Câmara. Para ter apoio parlamentar para aprovar as mudanças, o presidente precisa organizar uma estrutura política que converse com o Poder Legislativo. Como o presidente já disse que não deseja negociar com partidos, precisa, pelo menos empreender uma articulação competente com os líderes ou, então, com a maioria dos 513 deputados e dos 81 senadores. Sem articulação política os projetos correrão o risco de serem deformados completamente nas duas Casas do Congresso. A Reforma do Estado proposta nesta semana pelo governo é ambiciosa e precisa ser examinada com seriedade pelos representantes do povo.
É hora de o chefe do governo abandonar as controvérsias pelo Twitter e se concentrar numa ação política competente para criar, na prática, o que ele chama de “nova política” com novo estilo de governar.
Polêmicas e mais polêmicas só servem para embolar o jogo democrático no meio do campo e não contribuem para nenhuma vitória. Anunciar a liberação de mineração em áreas indígenas e criação de pastagens na Amazônia e no Pantanal, não serve para modernizar nada nem para aumentar a produção econômica. É preciso que haja racionalidade em todas as ações, proposições e empreendimentos. Caso contrário a “nova política” poderá se transformar em “equivocada política”.

*Jornalista